BlackRock leva a sério o ativismo

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Qua Tang Poemy; Flickr

A carta publicada este ano ano pelo Chairman e CEO da BlackRockLarry Fink, não deixa lugar para dúvidas: o gestor encara seriamente tudo o que está relacionado com o ativismo. Como acionista, a maior do mundo em ativos geridos, não se vai limitar a ser um mero espectador nas empresas em que investe, como também vai ser ativa no momento de exigir aos responsáveis das empresas boas práticas em cinco temas que a entidade identificou como sendo prioridades: governo das sociedades, estratégia empresarial, em que a remuneração aos gerentes seja intimamente ligada aos objetivos a longo prazo, impacto climático e recursos humanos.

Trata-se de um movimento importante e particularmente relevante, uma vez que BlackRock é acionista de muitas empresas. No caso do Ibex 35 ou do PSI-20, por exemplo, tem ações em muitos dos valores que integram o índice, sendo a maioe acionista em entidades como o Santander e BBVA. Grande parte dessa exposição é determinada pela própria composição dos índices. Dos 6,3 biliões de dólares em ativos sob gestão que a BlackRock tem atualmente, 65% corresponde a soluções indexadas. Assim, na medida em que uma ação ou uma obrigação entra no índice, a BlackRock torna-se automaticamente em acionista ou obrigacionista dessa empresa.

Um dos aspetos mais relevantes que Fink destaca na sua carta deste ano, é que a gestora que preside tem uma responsabilidade como investidor e que a entidade não só se deve concentrar em gerar retornos positivos para os seus clientes, mas também em exercer a influência que tem nas reuniões de acionistas para que as empresas em que investem contribuam de forma positiva para a sociedade e para as comunidades em que trabalham. Trata-se de criar novos modelos no governo de sociedades e também na relação como acionistas. Nessa nova relação entre a empresa e a BlackRock como acionista de referência, Fink dá vários exemplos.

O Diretor Executivo da gestora americana refere-se exatamente a questões tão concretas como exigir às empresas de que têm ações informações relevantes acerca de qual é o seu planeamento estratégico a longo prazo; conhecer qual é o papel que as empresas nas comunidades onde estão estabelecidas desempenham; quanto é que os seus gestores se preocupam com o impacto no ambiente; como está a ser a sua adaptação à tecnologia; o que fazem para criar equipas diversas (não só a nível de género mas também de ideologias); se estão a fazer o suficiente como empresas para ajudar os seus funcionários a se prevenirem contra situações como a reforma...

A novidade é que para alcançar este objetivo e para que aquilo que Fink anunciou na sua carta não se transforme numa mera declaração de intenções, a gestora conta já com uma equipa interna que está a crescer de forma muito significativa, a BlackRock Investment Stewardship (BIS), que tem como missão fomentar práticas empresariais e de gestão que cimentem resultados financeiros sustentáveis a longo prazo, assim como reforçar a interação com os conselhos empresariais e promover as melhores práticas em material de governo de sociedades nas empresas em que investem. Outro objetivo óbvio desta equipa é proporcionar análises especializadas sobre responsabilidade social (ESG) em todas as estratégias de investimento, quer sejam de gestão ativa ou passiva, para que as empresas possam contribuir de forma positiva para a sociedade.

Pode conhecer quais são as prioridades e exigências que a equipa tem com maior detalhe através deste link.