BlackRock continua positiva em relação à dívida portuguesa

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-ko-ko-, Flickr, Creative Commons

Scott Thiel, vice-diretor de investimentos de Fixed Income e líder da equipa de Global Bond da BlackRock comentou o anúncio de ontem do BCE que decidiu manter a taxa de juro no nível histórico de 0,25% e fez um balanço do ano que agora terminou. Em relação à divida pública portuguesa a gestora continua positiva, tal como em países como Itália, Irlanda e Eslovénia.

Veja mais comentários sobre o ano que terminou.

O especialista definiu que 2013 foi “sem qualquer dúvida um ano extraordinário para os mercados de global fixed income. Muitos mercados de dívida pública tiveram retornos negativos no ano, no entanto, enquanto os rendimentos das obrigações do tesouro a 10 anos aumentaram cerca de 1%, ainda estão muito baixos em relação aos valores históricos.”

Assistimos, no ano passado, a estímulos sem precedentes na política monetária de muitos bancos centrais, incluindo um aumento do Quantitive Easing por parte do Banco do Japão. Agora, o mais importante para o mercado  de obrigações é a entrada num novo ambiente de dispersão da política monetária entre os maiores bancos centrais, não apenas com politicas divergentes mas também com objetivos diferentes. Para nós, isto irá criar algumas oportunidade interessantes de investimento”, continua o vice-diretor da entidade.

“Sob a liderança de Mario Draghi, o BCE continua a apoiar de forma pro-ativa o bloco de países da moeda única, seja por meio retórico ou através da redução das taxas de juro para o mínimo histórico de 0,25%. Apesar de alguns problemas irem aparecendo, como por exemplo a volatilidade em torno do resultado das eleições em Itália e o resgate do sistema bancário cipriota, acreditamos que haja um processo de sobrevivência e de cicatrização da zona euro, com a recuperação no final do ano passado. É notável que nenhum país tenha pedido ajuda aatravés do programa de Outright Monetary Transactions (OMT), muito investidores reembolsaram cedo o LTRO e os spreads periféricos continuaram a diminuir. Além disso a Irlanda saiu do programa de ajuda da troika”, destaca o especialista.

“O  BCE e o Banco da Inglaterra mantiveram suas principais taxas de juro inalteradas. Na conferência de imprensa , o presidente do BCE enfatizou que "manterá uma postura acomodatícia da política monetária durante o tempo que for necessário”. Mario Draghi também observou que o BCE espera que as "taxas de juro possam permanecer nos níveis atuais ou até mais baixas durante um período prolongado de tempo”.  Enfatizou, ainda, que o BCE está pronto para agir se houver um “aperto” indevido dos mercados monetários de curto prazo ou um agravamento das perspectivas de inflação a médio prazo. Após estes comentário, a taxa EURUSD caiu drasticamente, o que nos leva a pensar que será provável o BCE anunciar uma nova operação de refinanciamento de longo prazo no primeiro semestre deste ano”.

Já sobre a crise na zona Euro que está a terminar, Mario Draghi disse que “iria ser muito cauteloso e que era prematuro declarar vitória nesta altura”. Já sobre a união bancária, o presidente do BCE destacou a sua importância para restauração a confiança. Na parte de perguntas e resposta, durante a conferência de imprensa, Draghi afirmou que “um sistema bancário saudável dificulta a transmissão efetiva da política monetária”.

Continuamos underweight no que diz respeito às Bunds alemãs, nas nossas carteiras e temos posições positivas nos países periféricos, como Portugal, Eslovénia, Irlanda e Itália”, afirma Scott Thiel.

“As expectativas dos investidores e as leituras da política monetária nos EUA significaram um grande impacto nos mercados de fixed income no ano passado. Com a sugestão no início do verão de que a FED poderia começar a reduzir o seu programa de compra de ativos mais cedo que os investidores esperavam, causou altos níveis de volatilidade no mercado, com uma rápida liquidação da dívida de mercados emergentes e um aumento dos rendimentos do tesouro”, continua o especialista da entidade.

“Já em dezembro a FED anunciou que ira começar a reduzir o seu programa de compra de ativos. Na nossa opinião, a FED sob a liderança de Janet Yellen, será mais transparente e terá um foco muito claro nos lançamentos de dados económicos dos EUA”.

Para finalizar, o especialista da BlackRock acredita que a “FED está agora a tentar expressar uma distinção entre ferramentas extraordinárias de política monetária, como é o Quantitive Easing, e as taxas de juro. Continuamos “curtos” nas obrigações do tesouro dos EUA e do Reino Unido na crença de que o rendimentos destes ativos sem risco continuem a subir”.