Bancos centrais em foco esta semana

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As atenções viram-se novamente para os Bancos Centrais.
 
Os Bancos Centrais continuam na sua missão de impulsionar o crescimento através de medidas de relaxamento monetário, o que lentamente se está a verificar não ser suficiente para dinamizar o consumo e o investimento. Com um crescimento global débil, as taxas de juro perto do zero - nalguns casos negativas - e a política orçamental limitada pela elevada dívida publica, a política cambial ganha um peso enorme junto de cada uma das economias. Os Bancos Centrais continuam a avançar com medidas e discursos com o objectivo de contribuir para um crescimento sustentável e equilibrado.
 
Mas a recuperação da crise não nos tem mostrado crescimento, nem sustentabilidade nem equilíbrio. Continuam a acreditar que a solução para a fraca procura é avançar com mais estímulos monetários, mas o mais provável é estarmos a caminho de uma outra crise.
 
A Reserva Federal dos Estados Unidos está em sentido contrário. Suportada pelos sinais positivos da economia e do mercado de trabalho, a subida de taxas tornou-se uma realidade. Falou-se em dezembro de 2015 de uma subida de 3% nas taxas de juro em 3 anos de uma forma gradual.
Mas não acredito que tal seja possível, é até muito pouco provável que tal aconteça.

O dilema de Yellen reside no facto de pretender uma maior inflação e pretender também subir as taxas de juro. Só que a subida de taxas de juro fará com que o dólar se valorize, um claro sinal de deflação, e torna mais débil a recuperação económica ampliando o déficit comercial.

Um dólar forte prejudica os resultados das empresas (com reflexo na sua cotação em bolsa) de duas maneiras: penalizando as exportações e os resultados das empresas americanas fora dos Estados Unidos quando fazem o repatriamento dos fundos.
Além de que a situação da economia não está assim tão bem como aparenta.

Os pequenos aumentos nos salários são uma evidência de que o mercado de trabalho ainda está frágil apesar de estar quase em "pleno emprego". Os empregos são de facto criados mas as pressões sobre os salários e a inflação não estão à vista.
 

O que temos são taxas mais altas, dólar forte e mais pressões deflacionárias.
 
A Fed irá reunir a 26 e 27 de abril e apesar de não serem esperadas alterações nas taxas de juro, o mercado irá estar muito atento para tentar encontrar sinais sobre o ritmo esperado das subidas este ano. Qualquer sinal adicional de relutância em subir taxas será encarado como claro sinal para vender dólares.
 
No dia seguinte reúne-se o Banco do Japão, envolto no problema de excessiva valorização do iene face ao dólar e às outras divisas (este ano subiu 10% face ao dólar), que causa sérios problemas à sua indústria exportadora, colocando pressão para baixo nos preços das importações o que traz pressões deflacionistas.
São esperadas mais medidas de politica monetária, mas poucos são os sinais que permitam perceber quais.
 
E o BCE? O que esperar pela reunião desta semana?
 
Numa União Monetária com diferenças estruturais entre as diferentes economias é natural que a economia mais forte pretenda que veja os seus desejos aplicados.
São cada vez mais as vozes Alemãs que se manifestam contra a política monetária seguida, principalmente as medidas pouco convencionais utilizadas. E quanto mais longe estiver o BCE de cumprir o seu mandato de garantir a estabilidade dos preços, mais Alemães se irão manifestar contra. Não se esperam alterações de relevo na política monetária do BCE. Depois de na reunião de março, Dragui ter conseguido surpreender o mercado ao avançar com um conjunto de medidas mais amplas que o esperado, reforçando a cedência de liquidez através dos canais normais, analistas apontam que o BCE deverá ter que colocar as suas taxas em terreno mais negativo a curto prazo.
E que dirá desta vez em relação ao helicopter money ?
Continuará a achar uma ideia interessante depois de ter sido tão criticado pelos alemães?