B2H: afinal faz sentido recear a tecnologia?

Baldwin
Funds People

Num mundo financeiro em que fintech, blockchain ou bitcoin são termos que começam a entrar no vocabulário da indústria, importa “rebobinar” um pouco no filme da relação entre os humanos e a tecnologia. Foi isso que fez Baldwin Berges, da BD-Insider (empresa que ajuda na construção de empresas e negócios), no segundo e último dia da “Alfi European Asset Management Conference”, no Luxemburgo.

Partindo de uma tese muito simples, o fundador da entidade propôs-se a mostrar à plateia como é que a indústria financeira pode colocar a tecnologia do seu lado, sem a temer ou evitar. “Todos nós temos uma relação um pouco difícil com a tecnologia, mas isso é algo muito humano”, começou por referir num tom condescendente. Contudo, o que é facto é que “nós humanos fazemos o que for preciso para nos mantermos conectados uns com os outros, e é precisamente essa obsessão que conduz a inovação tecnológica”.

Para lá do B2B ou B2C

Defensor de que “todos nós estamos conectados uns com os outros”, Baldwin Berges introduziu o conceito de B2H, ou seja, Business to Human, uma área que definiu com o objetivo de tornar os negócios mais pessoais. Nesse sentido definiu quatro megatendências que estão a definir a forma como se trabalha atualmente.

  • A realidade virtual

Pouco a ver com o tema das tecnologias; a realidade virtual está relacionada com as novas expectativas que se criam nas pessoas. Baldwin sugere que se faça a pergunta: “Como podemos levar os clientes para dentro do nosso próprio negócio?”

  • Conexão Global

Há cada vez mais pessoas “online”, e daqui a uns anos essa ligação em rede será ainda maior e profunda. “A indústria financeira, por exemplo, tem de se focar nas pessoas com mais 65 anos, potenciais compradores de fundos de pensões, e cujo conhecimento financeiro é diminuto”, indicou, referindo que estes “são totalmente principiantes”. No caso dos millennials, a situação é a inversa. “Falamos de pessoas que não conseguem largar o telemóvel. O desafio da indústria financeira passará por perceber como é que podem entrar na esfera destas pessoas, e nos seus dipositivos”, avisou.

  • Big Data

O Big Data coloca fim à ideia de se “tentar adivinhar algo”, ou do conhecimento que alguém tem per si. Hoje em dia vivemos num mundo em que o importante é saber que informação usar, e num futuro próximo “estaremos sempre online, mesmo que os dispositivos ou aparelhos estejam noutro sítio qualquer”. Nesse sentido, muita coisa acabará por mudar: o reaserch, o desenvolvimento de produtos e o próprio mercado.

  • Inteligência artificial

Embora não humano, este novo tipo de cérebro criado pelos humanos tem aprendido coisas por si mesmo. Têm “tirado” algumas funções executadas por pessoas, funções essas que nunca pensaríamos que poderiam ser executadas por máquinas. Contudo, como lembra Baldwin Berges, “este tipo de inteligência falha redondamente quando tem de fazer conexões humanas”. No entanto, a inteligência artificial ajudará a quebrar a barreira das línguas, e não será um problema. “Temos sim de perceber como fazer parte desta inteligência artificial”, apontou.

Embora não estejamos cientes disso, o profissional acredita que “todos os dias já usamos estas quatro forças disruptivas”. A título de exemplo, lembrou que “a Microsoft comprou o Linkedin com um propósito específico, pois já tinham também Skype”. Objetivo: “Proporcionar uma conectividade gigante”, pois “quem usa o Outlook acaba por usar as plataformas referidas atrás”.

No caso das Fintech, o profissional diz-se pouco satisfeito com o caminho de implementação feito até agora. “As fintech estão a seguir o caminho errado. Estão a tentar colocar as máquinas à frente dos investidores, e não deve ser assim”, apontou, deixando mais uma vez um exemplo. “Os millenials, apesar de tudo, adoram comunicar com pessoas, mas através da tecnologia”. Tudo se resume, na opinião do especialista, a perceber como é que “se pode usar a tecnologia para fazer melhores conexões humanas”.

A mensagem é clara: “Os Humanos ainda querem falar com Humanos!”