Aversão ao risco é ponto de convergência entre os investidores

Incerteza e nervosismo marcam a actualidade nos mercados financeiros. Com os atentados de Paris bem vivos na mente de todos, e não faltando receios e dúvidas sobre a evolução do mercado eis que mais um evento surge a perturbar a mente dos investidores.

A Turquia abateu um avião militar Russo que alegadamente violava espaço áereo Turco. A Rússia responde que o avião estava perto da fronteira Turquia/Síria e que se encontrava em missão para atacar posições defendidas pelo Estado Islâmico, com Putin a afirmar que "isto foi uma facada nas costas, infligida por cúmplices dos terroristas”.

​Desde a Guerra Fria, esta é a situação mais crítica para a Rússia e com a Turquia a pertencer à NATO, a possibilidade de retaliação pode ter consequências muito para além daquelas que aqui se poderiam prever.

Se a Rússia retaliar, ataca um membro da Nato, se a Nato não responder, significa que não cumpre o objectivo primário de protecção aos seus membros, e se responder, pode haver uma situação verdadeiramente complicada, talvez a mais grave desde a Segunda Guerra Mundial. Obama e Hollande avisaram Moscovo de que somente aceita a participação russa no combate planificado ao ISIS se Moscovo aceitar que seja derrubado o governo Sírio.

O mercado financeiro não gosta desta tensão, e com dezembro a aproximar-se e com a possibilidade de mudança de política monetária nos Estados Unidos assim como a hipótese de o BCE avançar com mais medidas de estímulos, a aversão ao risco parece imperar neste momento na mente de todos.

Com a perspectiva de o BCE e o Fed avançarem para sentidos opostos em termos de política monetária já em dezembro, o Euro segue penalizado face ao Dolar, atingindo mínimos de abril, abaixo dos 1.06.

Segundo Draghi, o BCE está a examinar atentamente o impacto das medidas em vigor assim como estudar alternativas para as ampliar. Existem no entanto várias opiniões díspares dentro do conselho de governadores sobre quais as medidas que melhor poderão ajudar a inflação a subir e até a Standard & Poor's veio agora defender a ideia de que o BCE se está a pressionar demasiado a si próprio na luta contra a inflação. A S&P recomenda mais calma e mais tempo para que as medidas em prática neste momento tenham resultados.

(Imagem: GotCredit, Flickr, Creative Commons)