As regiões do Single Malt Whisky da Escócia

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Créditos: Thomas Park (Unsplash)

O Single Malt Whisky escocês pode-se dividir em regiões, à semelhança das regiões DOC (Denominação de Origem Controlada) dos nossos vinhos. No caso do whisky, a origem da cevada é, no entanto, pouco importante para determinar a região (a cevada pode mesmo ser importada). O factor mais importante para determinar a região de um Single Malt Whisky é a água, mais propriamente a localização da nascente da água cujas propriedades são influenciadas pela natureza do solo.

O outro factor importante é o clima pela sua influência no processo e sobretudo na maturação. Por exemplo, um ambiente mais humido provoca uma evaporação maior do álcool em detrimento da água, enquanto uma região com uma amplitude térmica mais elevada faz com que o whisky se contraia/expanda mais dentro do casco. A estes dois factores juntam-se outros de natureza mais específica. Na ilha de Islay (uma das regiões do Single Malt Whisky), o whisky é tradicionalmente mais iodado devido à influência das brisas do Atlântico Norte, e fumado, porque a turfa (muito abundante nesta ilha) é utilizada na secagem do malte. Por outro lado, nas Highlands (outra região), devido ao terreno muito acidentado, os alambiques utilizados são tradicionalmente mais pequenos por serem facilmente transportáveis, o que dá um carácter mais complexo ao whisky.

Temos, então, 5 regiões de Single Malt Whisky na Escócia: Lowlands, Campbeltown, Islay, Highlands e Speyside. Os whiskys das Lowlands são tipicamente mais suaves (distilados 3 vezes) e mais leves com notas florais, sendo por isso ideias para serem servidos como aperitivos. Existem poucas distilarias activas desta região, sendo as mais conhecidas Auchentoshan, Bladnoch e Glenkinchie. Outrora considerada a “whisky capital of the world”, a região de Campbeltown assume o nome de uma localidade da península de Mull of Kintyre, na extremidade sudoeste da Escócia. Depois de um período de decadência, a maior parte das distilarias da região fecharam, tendo sobrevivido somente três: Springbank, Glengyle e Glen Scotia. Os whiskys desta região são encorpados e com um final com alguma salinidade.

A pequena ilha de Islay, que dá o nome a essa região, é muitas vezes chamada de ilha do whisky devido à concentração de oito distilarias. Apesar de cada uma das distilarias ter as suas características próprias, todos os whiskys de Islay distinguem-se dos das outras regiões por serem iodados e fumados. Ardbeg, Laphroaig e Lagavulin são bons exemplos de whiskys de Islay. As Highlands é a maior região, em termos territoriais, oferecendo, por isso, whiskys de caracaterísticas bem diferentes uns dos outros. Os maltes das Highlands vão do seco até ao adocicado, do leve ao encorpado, e mesmo alguns com nuances de iodo e fumo a lembrar os whiskys de Islay. 3 distilarias de qualidade superior, e bons exemplos de whiskys desta região, são Highland Park, Dalmore e Glenmorangie.

A região de Speyside agrega mais de metade das distilarias da Escócia, e tecnicamente insere-se dentro das Highlands. Algumas distilarias lá localizadas utilizam nas garrafas a menção genérica “Highland Whisky”. Os whiskys de Speyside são marcados pela sua elegância, apresentando grande complexidade e doçura. Os whiskys de Speyside são dos mais apreciados no mundo (os dois single malts mais vendidos no mundo são de Speyside: The Glenlivet e Glenfiddich), dos quais destaco The Glenrothes, Balvenie e The Macallan.