As primeiras impressões em relação ao discurso de Mario Draghi

7981891017_066ed378c4
todogaceta.com, Flickr, Creative Commons

O regresso de Mario Draghi ao trabalho foi duro. Depois da época de verão, o presidente do BCE  teve que baixar as previsões de crescimento da inflação para os próximos três anos, o que representa agora 1,4% e 0,2% para 2015, respetivamente (para 2016 a previsão é agora de 1,7% e de 1,1% em cada caso). O mesmo é dizer que este (embora isto não tenha sido algo discutido no Conselho do Governo que preside) estaria disposto a estender o programa de compra de dívida para lá de 2016 “caso seja necessário”, e se a desaceleração das economias emergentes e a queda do preço do petróleo afetarem a inflação e a recuperação da zona euro.

As possibilidades que o BCE tem em matéria de política monetária não têm limites e o programa continuará em funcionamento até que se produza um substancial ajuste no caminho da inflação”, assegurou o presidente.

A grande surpresa

Embora considere que ainda é cedo para saber se os acontecimentos das últimas semanas podem ter um efeito duradouro sobre os objetivos de inflação ou se é uma situação transitória, Mario Draghi elevou de 25% para 35% o limite de títulos de dívida governamental que cada país pode adquirir em cada emissão. “Este anúncio foi a grande surpresa”, aponta Scott Thiel, diretor de investimentos de obrigações da BlackRock. Ao especialista também chamou a atenção o facto do presidente do BCE ter-se centrado na recente volatilidade registada pelos mercados e por indicadores de curto prazo.

“Em termos gerais, o presidente Draghi encetou um discurso com um tom relativamente dovish, fazendo referência aos baixos preços do petróleo, e ao impacto da baixa procura externa vinda dos mercados emergentes”, disse ainda o especialista da BlackRock em termos mais gerais. Neste sentido lembra ainda que BCE reforçou igualmente que os baixos preços do petróleo, em última instância, poderão ter um papel significativo no consumo privado e no investimento.

Perante isto da maior gestora do mundo reforçam que ao nível do câmbio estão curtos em JPY contra USD, enquanto que nos mercados emergentes estão longos no conjunto de divisas como ZAR, MXN, INR e IDR.

Reação dos mercados

Num primeiro comentário ao discurso do BCE, da J.P. Morgan AM indicam que "os mercados financeiros viram as palavras de Mario Draghi como um sinal de que uma expansão do programa de QE é de facto provável". O Euro, dizem, reagiu com uma queda de 1% contra o USD e as ações europeias subiram 1,5%. 

No que diz respeito às implicações para os investidores da entidade norte-americana realçam que a principal conclusão para os investidores é de que "o Banco Central permanece preparado para responder caso os riscos aumentem tanto em relação às perspetivas de crescimento europeias, bem como em relação à inflação".