As previsões da BlackRock para 2013 e o modo de posicionar a carteira

“O mundo superará as baixas expectativas que existem para 2013, apesar de que ‘precaução’ será la palavra chave, sobretudo no que refere ao mercado obrigaccionista, onde os inversores devem permanecer especialmente vigilantes”. Assim asseguran os profissionais do BlackRock Investment Institute, que consideram que se a Reserva Federal Americana alterar o seu rumo, um importante volume de liquidez poderá invadir as bolsas.“Apesar do crescimento económico permanecer baixo, agora estamos mais optimistas relativamente a activos de risco e à estabilização do PIB. Ter expectativas baixas é equivalente a possíveis surpresas positivas”, afirmam.

Segundo explicam no seu relatório sobre perspectivas, muitos investidores manifestam falta de confiança em alguns mercados onde se castingam a adopção de riscos. “Roma e Pavia não se fizeram num dia e a confiança muito menos”, asseguram. Na sua opinião, a economia norte-americana deverá arrancar e, assim, impulsionar o crescimento mundial.“No entanto, a era das políticas monetárias ultra-expansivas poderá estar perto do fim, o que põe em perigo os activos de rendimento fixo (obrigações), ditos seguros, e augura uma transição para as acções. Essa segurança é equivalente a um novo risco”.

Neste cenário, na BlackRock consideram que “investir é procurar rendimentos atractivos num mundo onde as taxas juro estão perto de zero e onde a margem de espaço entre as valorizações dos activos de rendimentos de alta qualidade e os de menor qualidade se estreitou. Será muito importante distinguir entre o bom e o mau”, afirmam. Que fazer com o dinheiro?

Recomendações para a classe de obrigações

Na classe de obrigações, a BlackRock acredita que há perigo na segurança. “Os preços da dívida pública de refúgio e activos similares poderão fundir-se quando os rendimentos comecem a subir. Um rendimento baixo é igual a um risco elevado para os preços”. Do ponto de vista dos retornos, na gestora preferem obrigações 'high yield' e obrigações dos Estados Unidos, sem esperarem grandes mais-valias. Também gostam de dívida de mercados emergentes. Na Europa, a gestora prefere obrigações italianas e espanholas a dívida de outros países debilitados na região. “Estamos optimistas em obrigações hipitecárias e em obrigações tituladas por empréstimos”.

Recomendações para acções

Para a classe de acções, a BlackRock considera que existe um grande leque de opções a nível global. “Gostamos de empresas multinacionais com balanços sólidos, 'cash flows' constantes e dividendos em alta. Preferimos os títulos norte-americanos de qualidade, o sector mundial da energia e os mercados emergentes. Estamos positivos para empresas orientadas para o consumo interno do Brasil e da China, os títulos cíclicos do norte asiático e os bancos e empresas industriais do México. Gostamos, ainda, de empresas exportadoras, excluindo a periferia da Europa, e empresas britânicas pequenas capazes de se auto-financiar”.

Apostas em contra-corrente

A maior idea de investimento contra-corrente da BlackRock é comprar exportadoras japonesas e vender yenes. Outras operações contrárias às tendências, que reconhecem na entidade, é vender tabaqueiras, empresas consideradas seguras, e comprar empresas norte-americanas com grandes posições em 'cash' no estrangeiro e comprar títulos de entidades financeiras europeias e norte-americanas. O último ponto claramente diferenciador é relativo ao mercado hindú. “Melhorámos a nossa opinião relativamente a acções da Índia, depois das reformas introduzidas no país sobre o investimento estrangeiro”, salientam.

Segundo a BlackRock, a volatilidade implícita a curto plazo é extremamente baixa, enquanto que as incertezas políticas estão em níveis próximos aos da crise financeira. “Convém contemplar opções que façam cobertura de riscos tanto numa perspectiva negativa como positiva”. As injecções de liquidez monetária e a procura de rendimentos por parte dos investidores reduziu a volatilidade a curto prazo, pelo que uma inversão desta situação poderá resultar no efeito contrário, comentam na entidade.

Matérias primas e divisas

Os profissionais da BlackRock gostam de metais com brechas de oferta a longo prazo e matérias primas agrícolas. “O apetite chinês é insaciável”, asseguram. Relativamente a divisas, mostram-se positivos para o dólar norte-americano devido ao 'boom' energético do país e suas perspectivas de crescimento a longo prazo.