As "mexidas" do BCE e as consequências para a Europa

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morberg, Flickr, Creative Commons

A semana passada ficou marcada pelo anúncio do BCE que reduziu a taxa de juro para 0,15% passando ainda a taxa de depósito de zero para -0,1%. Para Joshua McCallum e Gianluca Moretti, respetivamente Head of Fixed Income Economics e Fixed Income Economist da UBS Global Asset Management, “o anúncio do BCE na semana passada marca o início tímido mas um lançamento em grande escala” da política do BCE. Além das mexidas nas taxas de juro, os responsáveis da UBS destacam também o refinanciamento a longo prazo. “Mas serão estas medidas suficientes para relançar o crédito para o sector privado?”, questionam.

Ataque do Banco Central Europeu

“Na guerra contra a recessão, o BCE raramente tem sido muito ousado”, afirmam os dois especialistas. Várias vezes os responsáveis do BCE têm vindo afirmar, nos seus discursos, que a instituição tem de “fazer o que for preciso para ganhar a batalha”. Para os dois responsáveis da gestora internacional, “a semana passada marcou o ataque do BCE contra a ameaça da deflação na Europa”.

Pela primeira vez o BCE não defraudou as expectativas”, afirmam os dois especialistas da UBS. “O mercado tinha grandes expectativas antes da reunião do BCE, prevendo cortes nas taxas de juro, novos programas de empréstimos e uma extensão dos programas existentes”, esclarecem. Já os responsáveis da ING Investment Management mostram-se ainda mais optimistas e afirmam que "esperam que as medidas adoptadas ajudem a procura da rendibilidade". Entre os mercados que podem sair beneficiados os especialistas da ING apostam nos "mercados emergentes e no imobiliário, tal como no setor financeiro", afirmam no seu MarketExpress.

Cortes em três taxas de juro

“O BCE anunciou cortes em três das suas taxas de juro”. A taxa de juro de referência passou de 0,25% para 0,15%, sendo esta a taxa de juro que é usada pelos bancos nas suas ações de financiamento, e ainda colocou a facilidade de depósito abaixo de zero pela primeira vez na história do BCE ao fixar-se em -0,1%. Já a taxa marginal de empréstimos também foi cortada de 0,75% para 0,4%.

Dois LTRO até final do ano

Também sobre Long Term Refinancing Operations (LTRO) houve novidades. “Até junho de 2016, os bancos serão capazes de pedir emprestado do BCE a taxas de juro muito baixas dinheiro que eles precisam para pagar até setembro de 2018 (400 mil milhões de euros)”, destacam os especialistas da UBS. O primeiro LTRO será em setembro e o segundo no final do ano.

Imobiliário em movimento

Os especialistas do ING debruçaram-se sobre o impacto das decisões no BCE no mercado imobiliário. "A procura pela maior rendibilidade é claramente visível na rendibilidade do setor imobiliário nos mercados desenvolvidos", afirmam. Quando comparado com as ações globais, "esta classe de ativos ganhou terreno desde de mês de dezembro. A tendência da descida dos rendimentos nas obrigações poderá ajudar a favorecer o imobiliário", explicam os especialistas da gestora.