As letras pequenas ao investir em ETFs sustentáveis

verde, austronata
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O verdadeiro interesse pelo investimento socialmente responsável não chegou até ao ano passado, mas a sua aterragem nas carteiras foi explosiva. Em 2017, 2.900 milhões de dólares entraram em fundos com essa filosofia de investimento. Entre eles, pelo menos metade foram parar a ETFs. Estes veículos combinam as duas preocupações dos investidores hoje em dia: comissões baixas e um enfoque sustentável.

E este último é precisamente aquilo que preocupa os especialistas como Ovidiu Patrascu, analista da Schroders. Numa entrada recente no blogue da gestora lança a pergunta se estes veículos passivos estão a promover a exploração das preferências do investidor por soluções de baixo custo e não oferecer os benefícios financeiros que se espera deles.

Como destaca e bem Patrascu, a diferença relativamente a outros ETFs, cuja construção se baseia em fatores como a capitalização, o setor, etc., os indicadores ESG (environmental, social e governance) são o resultado de uma série de julgamentos e análises muito variados e com conclusões diferenciadas. Esta análise é cara: “muitas vezes mais do que um produto de baixo custo passivo se pode permitir”.

Uma alternativa mais económica para estes ETFs é usufruir dos ratings que os fornecedores externos oferecem como o MSCI, Sustainalytics ou Thomson Reuters. Como material complementar para um gestor, Patrascu vê utilidade nele, mas enquanto depender de um único ponto de vista não vê sentido no seu uso para determinar o apelo de uma empresa. “Mas isto é essencialmente o que os participantes recebem de um fundo passivo ESG”, defende. “Apesar da perceção de transparência, muitos produtos passivos especificam surpreendentemente pouco acerca de como implementam de facto fatores ESG”.

Nota-se uma falta de consistência entre a pontuação ESG que cada fornecedor de dados emite. Isso significa que as carteiras dos fundos passivos serão radicalmente distintas entre si, com base no fornecedor escolhido pela gestora. Assim, aqueles investidores interessados em ganhar exposição aos best-in-class por fatores ESG terão resultados muito diversos dependendo do fornecedor de origem.

Outro problema que surge é no governance. Uma parte dos investidores com critérios ESG fá-lo porque acredita no facto de que os seus gestores irão pressionar para um governance melhor nas empresas em que investem. Mas é complicado conseguir alterações se se carece de conhecimentos especializados sobre a indústria e sobre como negócios individuais se podem ver afetados por fatores sustentáveis. Um problema menor, defende Patrascu, no caso dos fundos de gestão ativa.