ANBIMA espera maior investimento no exterior da indústria de fundos

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Da fama de país excessivamente regulado e proteccionista, o Brasil não se livra. No entanto, José Carlos Doherty disse à Funds People que as entidades reguladoras, Comissão de Valores Mobiliários e a própria ANBIMA estão comprometidas com a abertura gradual que se assiste na indústria assim como com os desafios associados à procura por alternativas de investimento e diversificação dos portfólios.

O Superintendente Geral da ANBIMA diz que a intenção é sempre aumentar a transparência da indústria brasileira seja no que refere ao comissionamento ou à profissionalização do sector. Não acredita, portanto, que seja excessiva ou assim tão diferente de outros mercados, a regulação existente no Brasil. “As entidades que pretendem participar no mercado têm que se registar junto da CVM e abrir escritório no Brasil para chegar aos investidores locais ou outra opção é terem um parceiro brasileiro, algo que se tem verificado com alguma frequência”, explica Doherty.

O representante da ANBIMA fala da importância da regulação e dispensa a excessividade associada à brasileira, dizendo que “foi graças à regulação sofisticada que a indústria brasileira apresenta que a mesma não foi surpreendida com problemas em gestoras de fundos perante a crise de 2008”. Além disso, acrescenta que “foi com as sucessivas crises que aprendemos que o mais importante é regular bem para estarmos preparados para potenciais problemas”. Adiantar-se é, então, uma prioridade e está bem visível nos doze códigos de auto-regulação desenvolvidos pela ANBIMA e, “absorvidos”, pela entidade reguladora. Estes códigos são dirigidos às várias áreas de negócio e cliente, nomeadamente segmento do retalho, banca privada, fundos de investimento, gestão de patrimónios, certificação entre outros. Doherty mostra satisfação relativamente a toda a actividade da auto-regulação dizendo que “a maior parte do tempo antecipamos recomendações da IOSCO”, entidade da qual a ANBIMA é membro desde 2005 e em que preside o comité consultivo de membros afiliados desde o ano passado. A receita das multas e penalizações de não cumprimento de algo constante nesses códigos revertem a favor da educação do investidor e financiam o portal de educação financeira – Como investir? – promovido pela associação.  

Neste sentido, a ANBIMA compromete-se com um dos grandes desafios que se coloca não só à indústria brasileira de fundos, como a todas a nível global – a questão da literacia financeira. A juntar-se a este, Doherty sublinhou ainda outros desafios que se avistam neste caminho que o Brasil percorre para se tornar um importante centro financeiro internacional e mais aberto ao exterior: para portfolio managers a gestão do risco, a preservação do retorno providenciando liquidez nos investimentos, a diversificação do produto, a certificação dos próprios profissionais. Para a regulação, a flexibilização dos limites de investimento no exterior, a melhor categorização de fundos nomeadamente na diferenciação dos fundos monetários de outros produtos e, não menos importante, a questão da suitability e definição dos perfis dos investidores do mercado.