Analistas esperam maior recessão e pressão sobre o consumo em Portugal

Numa análise às declarações do ministro das Finanças, Vitor Gaspar, e do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o banco francês considera que, apesar da revisão em baixa agora feita, as metas do défice continuam optimistas.

De referir que a ‘Troika’ definiu o objectivo de um défice orçamental de 5,0% do PIB (contra os anteriores 4,5%) para este ano e de 4,0% (face aos anteriores 3,0%) para 2013, enquanto para 2014 aumentou 0,2 pontos percentuais para 2,5%.

“Na nossa opinião, a nova meta [para 2012], no contexto das medidas adicionais anunciadas para este ano, continua a parecer optimista”, refere Ricardo Santos, economista do BNP Paribas Corporate & Investment Banking, estimando que o défice orçamental se situe na ordem de 6% do PIB.

Em termos de crescimento do PIB, o governo reviu em baixa a estimativa para o próximo ano, passando para -1,3% face aos anteriores 0,5%.

Para 2013 “vemos riscos de deterioração da taxa de crescimento revista do Governo”, acrescenta, lembrando que estimava uma contracção de 1,3% para o próximo ano, ainda antes das medidas anunciadas na sexta e na terça-feira.

Num comentário enviado à Funds People Portugal, Javier Flores, responsável pelo serviço de estudos e análise da Associação Europeia de Investidores Profissionais (Asinver), está um pouco mais optimista quanto à meta do governo para o próximo ano. Considera que a revisão do crescimento do PIB para -1%, uma perspectiva macro “que, sem qualquer dúvida, parece mais razoável e credível”.

Tendo em conta esta informação e as medidas apresentadas, salienta Javier Flores “pode esperar-se uma pressão adicional ainda maior sobre o consumo (e sobre as empresas), como resultado tanto do novo cenário macro como das novas medidas de austeridade anunciadas”.