Amadeo Alentorn – Old Mutual: “Desajuste entre o risco que se mede no VIX e o verdadeiro risco do ambiente económico”

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O factor que mais marcou o comportamento dos mercados de ações nos últimos doze meses foi, sem qualquer dúvida, a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos da América. Não só essa vitória, mas também toda a expectativa que se criou em torno do que o novo presidente da maior economia do mundo poderia fazer para estimular e proteger a economia doméstica. Quase 12 meses volvidos e pouco do que foi prometido foi efetivamente posto em prática e a chamada “Trump trade” começou a perder força. É neste contexto incerto e permanentemente em mudança que a flexibilidade se torna central na gestão de uma carteira de investimentos e é com isto em mente, que a equipa do fundo Old Mutual Global Equity Absolute Return – com selo Funds People de favorito dos Analistas e Blockbuster – aposta numa gestão dinâmica e numa optimização constante da exposição a factores da carteira do fundo.

“Apesar do mercado norte-americano continuar a subir, isto não acontece por via dos factores que tipicamente sustentam um rally do mercado. Em vez disso, têm sido os bancos centrais, através da injeção de liquidez, que têm dado o impulso a estilos de investimento que tipicamente não seriam centrais na performance numa fase longa do ciclo. Este comportamento aparentemente atípico do mercado dá um real destaque à necessidade de uma gestão ativa e de portefólios flexíveis que permitam obter a exposição ao estilo adequado no momento adequado. Nesta rotação de estilos nós podemos efetivamente criar valor como gestores de ativos”. Quem o disse foi Amadeo Alentorn, gestor na Old Mutual Global Investors, num almoço com investidores.

O profissional não se ficou pelos bancos centrais, destacando outro dos grandes factores que tem suportado o rally do mercado: as recompras de ações. “Estas estão em máximos e têm crescido significativamente nos últimos anos”, salienta. “A volatilidade está em níveis extremamente baixos o que, dado o elevado nível de risco geopolítico que temos visto, dá a sensação de haver um grande desajuste entre o risco que se mede num instrumento como o VIX e o verdadeiro risco do ambiente económico”, alerta Amadeo Alentorn.

E claro, os massivos inflows para instrumentos de gestão passiva não podiam passar ao lado da análise do especialista. “Um aspecto que não nos cansamos de realçar é que, regra geral, as ações de baixa volatilidade apresentam uma valuation inferior ao mercado em geral. É  ‘finanças 101’. Ações de baixa volatilidade, menos potencial de ganhos, menor valuation. Mas o que temos visto é que, desde 2013, o spread entre as valutions dos diferentes estilos tem estado s aumentar até um ponto em que o rácio entre as ações de baixa volatilidade e o mercado em geral é bastante elevado. Este movimento é suportado pelos inflows significativos para ETFs e fundos índice especializados no factor value que levaram os ativos para níveis de valuation demasiado elevados”, explica o profissional. Neste sentido, Alentorn aponta um posicionamento coerente com toda esta teoria: “temos estado curtos em ações de baixa volatilidade e elevados dividendos nos últimos meses, período em que alguns destes prémios de valuation começaram a recuar, sendo que ainda têm muito espaço para o fazer”.

A estratégia

Amadeo Alentorn não destaca apenas o caráter flexível do Old Mutual Global Equity Absolute Return fund, mas também a completa neutralidade face ao mercado. Zero beta, 100% alfa. “Uma verdadeira proposta de neutralidade de mercado”, como destaca. Por cada 100 euros investidos no fundo, 100 euros ocupam a parte longa do fundo e 100 euros a parte curta, sem recurso a derivados, sendo que esta limitação é auto imposta a nível global e regional. Esta metodologia tem permitido à gestão apresentar uma correlação muito baixa com o mercado em geral. Apenas a nível sectorial se permitem a relaxar essa neutralidade, sempre com uma volatilidade ex-ante inferior a 6%.

Com base numa análise profunda patente num modelo in-house de análise do sentimento de mercado versus o ambiente de risco, a gestão analisa a cada momento onde cada mercado de cada região se posiciona nesta relação e, com base numa análise histórica, identifica quais os factores que no passado geraram uma melhor performance tendo essa relação de risco e sentimento como ponto de partida. “Se o output do modelo posiciona uma região num espaço de optimismo e baixo risco, tipicamente factores como momentum, sentimento e value comportam-se melhor. No lado oposto do espectro, onde estivemos, por exemplo, em 2011 e 2015, onde a incerteza e o pessimismo imperam, são estilos como a qualidade, robustez de balanço e equipas de administração fortes que se destacam”, aclara Amadeo. Esta tem sido a chave que proporciona ao fundo um track record consistente desde 2009, praticamente sem perdas num período móvel de 12 meses.