Alerta sobre o ecossistema bolsista europeu: confirma-se a erosão das bolsas no Velho Continente

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Josusache, Flickr, Creative Commons

Pelo terceiro ano consecutivo, a Financiere de l´Echiquier elaborou em conjunto com o Instituto de Investigação MiddleNext um estudo sobre os valores de pequena e média capitalização, onde analisam as fortes tendências do ecossistema bolsista europeu, assim como as suas dinâmicas e dificuldades. E a edição de 2017 lança um alerta sobre o ecossistema bolsista europeu: está a produzir-se uma erosão das bolsas do Velho Continente, relativamente ao universo de pequena e média capitalização, uma tendência que não é novidade e que se tem vindo a verificar há alguns anos. As conclusões podem ser agrupadas em seis secções principais:

1. Os segmentos de pequena e média capitalização mostram uma significativa rentabilidade económica e bolsista relativamente aos valores de grande capitalização.

2. Após dois anos, o declínio no número de empresas cotadas foi pronunciado: entre 2007 e 2016, 851 empresas deixaram de ser cotadas.

3. Concretamente, os valores de pequena capitalização continuam em declínio, em termos de peso e volume (-20% na última década), o que acaba por ser perturbador para o futuro do ecossistema, no seu conjunto.

4. As tendências observadas à escala mundial concentram-se, em maioria, nos países europeus, especialmente nos de maior tamanho: França, Reino Unido e Alemanha registam um empobrecimento do seu universo, por falta de renovação da base. 

5. As iniciativas à escala local demonstram que existem dispositivos que permitem apoiar os valores de menor capitalização. Um exemplo disso é a Suécia, onde o número de empresas aumentou 74% entre 2006 e 2016.

6. A entrada em vigor da MiFID II deverá contribuir para um reforço ainda maior da concentração dos fluxos a um nível limitado de jogadores mundiais.

Segundo Caroline Weber, diretora da MiddleNest, “a implementação da MiFID II deverá traduzir-se, principalmente, na drástica redução da oferta de análise nos valores de pequena capitalização, o que colocará em risco os modelos económicos das nossas sociedades locais cotadas. Sem uma atividade de pesquisa que impulsione isso, o ecossistema de pequenas empresas europeias corre risco de se deteriorar mais rapidamente”, acrescenta. “Este desafio é de vital importância para as novas empresas francesas, sobre as quais assenta o futuro de todo o ecossistema. Estabilizar as regras e orientá-las a seu favor é de extrema importância”, afirma.

Para Didier Le Menestrel, presidente e diretor geral da La Financière de l’Echiquier, “o enfraquecimento da bolsa europeia desde a raiz constituiu um verdadeiro problema que deveria ser abordado imediatamente com determinação. Existem inúmeras soluções, evidenciado pelo sucessos de diversas iniciativas nacionais extraordinárias. A Suécia e Itália, por exemplo, fizeram uma gala de criatividade para promover a orientação da poupança para a economia local. De uma maneira mais geral, a criação de um quadro regulamentar e fiscal europeu destinado especificamente ao investimento nas empresas cotadas seria vantajoso tanto para os investidores como para o ecossistema europeu no seu conjunto”, sublinha.