Ações suíças: outperformance consistente

Eleanor_Taylor
Cedida

Ao longo da história europeia dos últimos séculos a Suíça tem-se destacado dos seus países vizinhos pela sua independência e neutralidade. Mas entre as diferentes empresas que compõem o seu mercado de ações, vemos negócios que são tudo menos neutros ou locais. Falamos de empresas cujas marcas têm um reconhecimento não só internacional como global. A Nestlé, nos chocolates e café, a Novartis e Roche, na saúde e medicamentos, e a UBS nos serviços financeiros e banca são apenas alguns – os maiores – exemplos de empresas cotadas no país dos relógios e chocolate.

Não só estes grandes gigantes, como um interessante segmento de pequenas e médias empresas cotadas fazem deste um mercado bastante apetitoso para Eleanor Taylor Jolidon, Co-Head da equipa de mercados suíço e globais na Union Bancaire Privée (UBP). “A principal razão pela qual gostamos de falar de ações suíças em comparação com outras classes de ativos é a sua forte performance em comparação com o MSCI World. Isto consistentemente desde 1988, período em que em apenas dois anos vimos uma underperformance das ações suíças face ao índice global. Uma foi em 1999, durante a bolha tecnológica, altura em que o sector era ainda muito pequeno na Suíça, e a outra foi no ano passado, quando o peso elevado do sector da saúde prejudicou o mercado em virtude dos receios da vitória de Hillary Clinton e possíveis consequências nos preços praticados”, comenta Eleanor Taylor Jolidon.

Captura_de_ecra__2017-12-18__a_s_15

Novamente este ano, a profissional da UBP vê o mercado suíço a superar o MSCI World e considera o segmento de small e mid caps como particularmente interessante em 2018, já que “este é um mercado que apresenta um peso relevante de empresas industriais que tendem a operar em segmentos de maior valor acrescentado e que deverão beneficiar dos aumentos no investimento (Capex) que se observa nas corporações a nível global à medida que a procura volta a aquecer”, explica. Do lado do risco, Eleanor Taylor Jolidon destaca o perfil mais defensivo destas ações em comparação com outros mercados. Destaca o elevado peso do sector de healthcare e da Nestlé, negócios consolidados e fortes que “amenizam a volatilidade”.

O processo

No que se refere ao mercado de ações suíço são dois os fundos que a entidade financeira suíça oferece, o UBAM – Swiss Equity e o UBAM – Swiss Small and Mid Cap Equity, geridos com base num processo criterioso. “Podemos ser apelidados de selecionadores de ações bottom-up, e fazemos essa seleção olhando muito de perto para o ‘cash-flow return on investment’ (CFROI). Gostamos deste método porque nos alinha perfeitamente com a forma como um empreendedor olha para um negócio. Ninguém vai investir e construir uma empresa se não houver uma grande confiança de que vai obter um retorno no final. Procuramos responder à pergunta: Onde vamos obter esse retorno de cash-flow? Visitamos muitas empresas por ano e olhamos para elas numa perspectiva de ciclo do negócio, comparando os CFRI com os custos de capital”, comenta. Para tal, a equipa liderada pela especialista recorre à informação proporcionada pela plataforma HOLT do Credit Suisse. “Esta cobre cerca de 20.000 empresas a nível global e permite-nos comparar negócios sector a sector. Conseguimos assim ter uma visão sectorial de como se posicionam as empresas, o que é importante, não só quando se gerem ações globais, mas também na gestão de ações suíças”.

Captura_de_ecra__2017-12-18__a_s_15

Em cada uma das fases de vida de uma empresa, a equipa seleciona as ações com maior potencial. “Temos cerca de 200 empresas cotadas na Suíça e uma grande parte delas são líderes no seu segmento de mercado. O que fazemos é balancear a nossa carteira nas três fases de investimento: crescimento, restruturação e retorno elevado e estável. Dependendo do ciclo económico temos diferentes pesos para os diferentes grupos. No momento, como estamos positivos relativamente ao mercado temos uma grande alocação ao segmento de crescimento”, explica.

Relativamente à questão cambial, Eleanor Taylor Jolidon desvaloriza os riscos. “É muito difícil encontrar uma empresa local na Suíça. Se olharmos para o mercado em geral, vemos que mais de 90% das receitas são geradas fora do país, pelo que falamos de uma exposição quase total a euros e dólares. As empresas suíças estão não só a vender os seus produtos fora do país como muitas vezes têm os factores de produção também fora do país. A vertente cambial é muito mais uma questão de conversão do que de transação nas empresas suíças”, comenta.