Ações ibéricas: a análise dos gestores de fundos

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james., Flickr, Creative Commons

Visto que o mercado de ações, tanto em Portugal como na Europa, caiu no mês de novembro, não é de estranhar que o mercado de ações ibéricas, como um todo, também se tenha desvalorizado durante este período. E tendo em conta fatores como a instabilidade política que se vive em Espanha e a divisão entre os partidos portugueses que apoiam o governo no que diz respeito a impostos não incluídos no orçamento do estado, torna-se ainda mais natural que novembro tenha sido um mês menos positivo para este mercado. Para perceber até que ponto os fundos de ações ibéricas se deixaram influenciar por estes fatores, analisámos as fichas destes produtos e apresentamos agora as principais conclusões das equipas de gestão.

A situação internacional é o primeiro fator destacado pelos gestores. Nuno Marques, gestor do IMGA Ibéria Equities, diz que “as negociações em torno da saída do Reino Unido da União Europeia e o reforço das estimativas do BCE para o crescimento económico marcaram a agenda”, ao que a equipa de gestão do BPI Ibéria acrescenta as dificuldades que Angela Merkel está a ter para formar governo na Alemanha, depois de as negociações com os Verdes e Liberais não terem sido bem-sucedidas, situação que se tem vindo a prolongar. De tal forma que, no passado dia 1 de janeiro, completaram-se 100 dias desde que a Alemanha está sem governo.

No entanto, aquilo que se passa dentro da Península Ibérica é, obviamente, também um fator determinante para entender o porquê de, em novembro, os mercados ibéricos terem registado “um desempenho inferior à generalidade dos mercados europeus”, como refere Nuno Marques. A equipa de gestão do BPI Ibéria destaca a instabilidade política na Catalunha, que parece ainda hoje sem solução à vista, mesmo depois das eleições do passado mês de dezembro, e que já levou a um abrandamento da parte do Banco de Espanha, governo espanhol e OCDEN do PIB em 2018 e 2019. No caso de Portugal, destacam a aprovação do orçamento de estado para 2018, mas relembram as “brechas” que foram abertas entre os partidos que apoiam o governo devido à “não-inclusão de um imposto às energias renováveis”.

Tudo isto levou a que, de acordo com o gestor do IMGA Ibéria Equities, o Ibex e o PSI20 tenham desvalorizado 2,9% e 2,1%, respetivamente, no mês de novembro, com quedas lideradas pelos CTT (-35,7%), que apresentaram uma queda de 46% do EBITDA, e pela Siemens Gamesa (-15,5%). Do BPI Ibéria referem ainda os resultados menos positivos da Repsol e da Inditex, sendo que no primeiro caso a justificação reside no facto de a Venezuela, um país onde tem algumas operações, ter incumprido com o pagamento de algumas dívidas aos seus credores. Pela positiva destacam a NOS, a AENA e o grupo Jerónimo Martins. Nuno Marques destaca ainda como positiva a “valorização de um conjunto de empresas espanholas envolvidas em eventos corporativos específicos, como o Liberbank, a Axiare e a NH Hotel”.