Acesso a rendibilidades de ‘hedge funds’ com menos preocupações

brouwer
Cedida

Pensa-se que os ‘hedge funds’ estão disponíveis apenas para os ricos e importantes fundos de pensões e seguradoras, mas pode aceder-se a ‘hedge funds’ do ponto de vista da relação custo-eficácia, através de fundos que repliquem as rendibilidades da indústria. Como investidor, o mais importante é ter o controlo, especialmente depois das experiências da crise financeira de 2008. Ter controlo implica compreender o trabalho desenvolvido pelo gestor, o que existe por detrás de cada decisão e, o mais importante, estar seguro de que os investimentos oferecem a liquidez necessária para desfazer posições no caso de uma possível transferência de activos.

A replicação de ‘hedge funds’ visa alcançar a rendibilidade agregada dos mesmos (representada por um índice de referência), utilizando instrumentos de liquidez diária, sem investir directamente em ‘hedge funds’. Existem várias maneiras de replicar a sua rendibilidade. Nós usamos a técnica do factor de replicação, que funciona sob a premissa de que uma parte importante das rendibilidades agregadas dos ‘hedge funds’ é proveniente de prémios de risco sistemáticos, que se reflectem em factores de mercado, tais como os preços das acções, as taxas de juro, a volatilidade dos mercados e as taxas de câmbio. Analisando a rendibilidade agregada dos ‘hedge funds’, o factor de replicação tenta determinar a exposição (dinâmica) da indústria de ‘hedge funds’ a estes factores (índices).

A indústria de ‘hedge funds’, à primeira vista, parece dinâmica e complexo. É necessária uma abordagem quantitativa sofisticada para entender os ‘drivers’ do risco e da rendibilidade da indústria. No entanto, antes que esta abordagem quantitativa se torne numa oportunidade de investimento, é necessário analisar correctamente uma série de pontos:

O factor de selecção : Todos os factores deveriam ter uma ligação fundamental com a indústria de ‘hedge funds’, compreendendo que os factores utilizados devem ser um reflexo dos prémios de risco que dirigem a indústria.

Especificar o modelo : definir as especificações do modelo deveria ajudar a enfrentar as dificuldades estatísticas como o ‘over-fitting’.

Construção da carteira : uma construção eficiente da carteira deve minimizar a diminuição da rendibilidade causada por custos de transacção, no caso de importantes rotações da carteira.

Gestão adequada dos riscos : a gestão do risco não deveria fazer unicamente a cobertura do risco de mercado, mas também do risco de contraparte, gestão de garantias, e requisitos de regulação entre outros, além de um acompanhamento adequado.

A abordagem do factor de replicação congrega várias vantagens. Como os replicadores não investem em ‘hedge funds’, evita-se o problema de duplicação de comissões, pelo que se pode oferecer um produto muito competitivo em termos de preço. Além disso, os instrumentos e factores utilizados têm liquidez diária, como um fundo normalizado. Esta característica deveria reduzir o medo de não ser capaz de sair do fundo. Embora também se tenha que ter em conta as capacidades de alfa descorrelacionadas e únicas de alguns dos gestores de ‘hedge funds’, nunca se poderão replicar.

A fim de não perder essas oportunidades, pode argumentar-se que faz sentido complementar a exposição 'beta alternativo" (liquidez com baixo custo) com alguns ‘hedge funds true alpha’ cuidadosamente seleccionados, ou seja, uma abordagem ‘core’/satélite. De qualquer maneira,  adicionar ‘hedge funds’ a qualquer carteira aumenta o grau de diversificação e, apesar de normalmente associada a uma classe de activos de risco, a volatilidade histórica dos índices de ‘hedge funds’ mostrou ser inferior a outros activos de risco.

Se um investidor tem a certeza de poder escolher os melhores ‘hedge funds’ e detectar aqueles que são negativos, então deveria investir directamente em diferentes gestores. Contudo, se não tem certeza e pretende ampliar as rendibilidades da indústria, deveria considerar o investimento em fundos replicadores. Assim, beneficiariam da estricta regulação (normalmente trata-se de fundos UCITS) e do investimento em instrumentos subjacentes líquidos.