Acatis GANÉ: como é que este fundo value conseguiu esquivar-se de (quase toda) a grande correção de 2018

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2018 foi um exercício complicado para a grande maioria dos fundos já que tanto as obrigações como as ações sofreram com o medo de uma recessão global. Mas como sempre, há exceções. O Acatis GANÉ Value Event ultrapassou a tempestade do ano passado com uma queda de 0,42% no exercício. E não parece ser uma questão de sorte. A longo prazo, este misto moderado destacou-se no primeiro percentil a três anos e no segundo a cinco anos.

O que explica o bom comportamento do fundo? Segundo explicou Hanrik Muhle, co-gestor da estratégia, o principal motor foi que nenhuma empresa em carteira emitiu um profit warning no ano passado. Isso permitiu que influísse na ação o potencial de lucros subjacentes. Ajudou também o equilíbrio da carteira. Entraram no último trimestre de 2018 com uma exposição de 62% a ações, com algo em dólares americanos sem cobertura e ideias táticas em obrigações corporativas americanas de curto prazo.

O fundo conta com Selo Funds People 2019 pela sua classificação de Consistente. Uma proeza que conseguiu ao combinar a filosofia value de Warren Buffet com um estilo de gestão event driven. A equipa gestora gosta de gerir uma carteira concentrada de ideias de alta convicção.

Nos últimos doze meses foram aumentando a sua exposição a ações, até aos 70,92% que apresentam atualmente. Dessa percentagem, 25,60% representa empresas americanas. Desde logo é algo que se nota ao analisar as primeiras posições da carteira, onde destacam nomes como Berkshire Hathaway, Apple ou Alphabet.

Estas duas últimas são incorporações recentes no fundo. A equipa gestora recolheu os lucros da sua posição na Linde depois de a empresa receber a aprovação por parte do US Antitrust Authorities, o ente americano encarregue de regular e vigiar possíveis monopólios de mercados, para a fusão com a Praxair. Não é o primeiro passo do fundo no setor tecnológico já que historicamente tinham investido em empresas como a IBM ou a Oracle. “Fala-se muito de recessão, mas a verdadeira mudança que é preciso ter em conta é a tecnologia. É uma transformação que agora está a chegar a todos os setores”, conta Muhle.

Ainda que o setor tecnológico só pese cerca de 10% da parte de ações do fundo, a tecnologia está presente a nível geral. Precisamente na primeira posição da carteira, na alemã Grenke. “É uma aposta na digitalização e negociaria a múltiplos mais altos se fosse avalia como a fintech que é”, afirma o cogestor. A empresa de leasing investiu substancialmente na sua tecnologia para digitalizar a sua operação e torná-la mais eficiente. Por isso, entende Muhle, são líderes em custos em praticamente todos os países nos quais opera.