A visão da BlackRock para as diferentes regiões no próximo ano

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faungg's photo, Flickr, Creative Commons

Depois das ideias de investimento da BlackRock para o próximo ano, a gestora internacional também reviu ao pormenor as várias regiões de investimento que podem ter impacto para os investidores.

O relatório “Cycles Out Of Sync” que apresenta a visão sobre a economia e os mercados internacionais, elaborado pelo BlackRock Investment Institute (BII) para o próximo ano, destaca algumas ideias de investimento, onde afirmam que “preferem ações às obrigações”, nomeadamente com os olhos postos na Europa e no Japão. Relativamente ao mercado norte-americano, esperam “retornos mais baixos do que no início dos anos pós-crise”.

Relativamente às obrigações, a palavra-chave do próximo ano será a “seleção”. Os profissionais aconselham os investidores a serem seletivos em “obrigações High Yield, emissões Investment Grade e dívida de Mercados Emergentes”, já que parecem ser os melhores investimentos, quando comparados com obrigações soberanas.  Sobre o investimento a alternativos a preferência vai para “ativos tangíveis e estratégias de market-neutral. Infra-estruturas em energia ou transportes, sector imobiliário nos EUA, e investimentos com estratégias long/short”.

Europa em recuperação

Olhando mais em pormenor, os especialistas da BlackRock que assinam o documento afirmam que a Zona Euro está em fase de recuperação, embora de forma lenta, com a inflação a continuar baixa e as exportações a estarem ameaçadas pelo abrandamento económico dos mercados emergentes. No entanto, no mercado acionista europeu, a entidade acredita que as avaliações continuam atrativas. Um euro mais fraco, um crescimento salarial mais modesto e a expansão do crédito deve ajudar os lucros das empresas no próximo ano, enquanto um dólar mais forte irá pressionar os lucros do outro lado do Atlântico Norte. Os especialistas alertam, ainda, que a sobreponderação em ações europeias tornou-se uma visão de consenso - e "os mercados reagiram, tendencialmente, de maneira diferente”.

Destacam ainda as últimas medidas de Mario Draghi, como o alargamento em mais seis meses - embora com os mesmos valores - do programa de compra de ativos por parte do Banco Central Europeu. “A política monetária por si só pode não resolver os problema da Zona Euro. Reformas para liberalizar o produto e o mercado de trabalho podem ajudar a aumentar o PIB em 20%, no longo prazo”, pode ler-se na publicação da BlackRock.

EUA ainda podem crescer

Apesar de existir algum consenso relativo à perspetiva de crescimento dos Estados Unidos em 2016, acreditamos que o ciclo económico ainda tem espaço para crescer”. Esta é a convicção dos profissionais da BlackRock para o mercado norte-americano. Recentemente a FED aumentou as taxas de juro e o que acontecerá se continuarem a aumentar? “Em termos sectoriais os bancos e as seguradoras sempre estiveram positivamente correlacionados com subidas de taxas de juro; as nossas outras preferências incluem tecnologia, construtoras e espaços comerciais dentro do sector imobiliário norte-americano”, afirmam.

Sobre a inflação, na BlackRock acreditam que esta “poderá estar a aumentar”, tendo encontrado outros pontos positivos como é o caso do “mercado imobiliário forte e o aumento dos gastos entre os consumidores”.

Japão com olhos nos acionistas

Sobre o país nipónico, os especialistas acreditam que o Banco do Japão poderá aumentar os estímulos monetários enquanto a economia japonesa enfrenta, mais uma vez, a ‘monstro’ da deflação. "É importante destacar que as empresas japonesas estão a mostrar um apreço recém-descoberto pela retribuição aos seus acionistas, com um aumento no pagamento de dividendos e através da recompra de ações", sublinham da entidade. "Desde 2008, a rendibilidade das ações tem vindo a aumentar; também gostamos das ações japonesas porque são baratas e o entusiasmado em relação ao Japão arrefeceu.”

Relativamente ao ciclo económico, este parece estar a abrandar, já que houve dois trimestres consecutivos onde existiu contração económica, o que põe em causa a 'Abenomics’.

China com “aterragem mais leve”

Para o mercado chinês, da BlackRock acreditam que terá uma “aterragem” económica suave. De acordo com as previsões da entidade, apontam não ser possível um crescimento anual de 6,5% do PIB nos próximos cinco anos, no entanto, isso não será um grande problema.Em nenhum outro lugar as mudanças económicas da China tiveram tantas repercussões como tiveram no mundo emergente, onde a atividade e expansão comercial se basearam fortemente na procura chinesa", destacam. "Os mercados emergentes dependentes deste mercado e países como a Austrália, enfrentam agora um duplo golpe, uma vez que o crescimento da China caiu mais e mais rápido do que o esperado e a composição do seu crescimento está a mudar rapidamente, da procura por recursos naturais para um aumento do consumo interno.”