A UE aprova um resgate até 100.000 milhões para a banca espanhola

DeGuindos
Moncloa

O Eurogrupo , composto pelos Ministros da Economia e Finanças da zona do euro e com a participação da directora-geral do FMI, Christine Lagarde, aprovou na tarde de sábado, numa reunião de emergência, um plano de resgate a Espanha, até 100.000 milhões de euros, para salvar as instituições financeiras. O valor final, cuja origem é o fundo de resgate europeu, será, supostamente inferior a este valor e divulgado dentro de semanas, aguardando-se a divulgação dos resultados das avaliações dos balanços dos bancos feitas pela Roland Berger e Oliver Wyman, em conjunto com os auditores Deloitte, KPMG, PricewaterhouseCoopers e Ernst & Young.

O Ministro da Economia e Competitividade, Luís de Guindos, disse, em conferência de imprensa, que o montante solicitado será "suficiente para satisfazer as necessidades incluindo, ainda, uma margem de segurança”. O ministro fez um esforço durante a sua apresentação para garantir que não se trata de uma ajuda financeira, mas um "apoio financeiro" e destacou que há exigências apenas para os bancos e não para os cidadãos.

O pedido formal acontecerá a 21 de Junho, data do próximo encontro do Eurogrupo.
Luis de Guindos está convencido que com este anúncio vai suavizar a pressão sobre os mercados de dívida espanhóis e, em geral, a área do euro. Esta declaração vai ao encontro do que afirmou o comissário europeu dos Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, "É um sinal muito claro aos mercados e ao público de que a zona euro está determinada em tomar todas as acções necessárias para acalmar a turbulência no mercado e conter o contágio".

Em partes ou ‘CoCos’

Os fundos concedidos irão directamente para o Fondo de Reestructuración Ordenada Bancaria (FROB), que receberá o empréstimo a uma taxa de juro "extremamente favorável" e bem abaixo do preço de mercado, segundo o ministro Luis De Guindos. A partir desse momento, será esse o instrumento responsável pela ajuda aos bancos que o requeiram e exigirá os planos de reestruturação que considere adequados (isto sob a supervisão da União Europeia e assessoria do FMI).
 
Caberá também a este fundo de reestruturação decidir como será injectado esse dinheiro nas instituições financeiras. Poderá fazê-lo caso a caso, para que umas entidades, tais como o Bankia, sejam nacionalizadas, e outras receberão apenas obrigações convertíveis contingentes, conhecidas como ‘CoCos’, que envolvem apenas a entrada do Estado no capital público se não se devolver a ajuda.

O Ministro da Economia e Competitividade disse, numa entrevista colectiva, que a ajuda é pedida apenas para assegurar que as instituições são solventes e fortes para dar empréstimos a PME e famílias, que são a grande fonte de crescimento da economia espanhola. 
De Guindos salientou que apenas 30% do sistema financeiro precisa de recapitalização, seguindo as orientações do FMI. No entanto, o organismo presidido por Christine Lagarde apenas examina os requisitos de capital e provisões para cobrir riscos de crédito, que é o que leva o montante a subir de 40.000 para cerca de 100.000 milhões.

De facto, os novos estudos, que estão a ser feitos pelos quatro grandes auditoras globais, indicam que será necessário uma nova almofada para cobrir o que actualmente não apresenta quaisquer problemas: créditos à habitação “saudáveis” e empréstimos ao consumidor e as PME. Quando isto acontecer, as necessidades serão muito maiores do que as inicialmente apontadas pelo FMI.

Nova onda de fusões

Com a aprovação da ajuda, vai iniciar-se, em Espanha, uma nova onda de fusões. Tudo indica que começará com o Banco de Valência e Caixa da Catalunha, que serão finalmente leiloadas, logo que se saibam os resultados de todas as análises em curso. 
Em qualquer caso será dado um prazo a todas as entidades que precisem de ajuda para apresentarem um plano de recapitalização e tentarem obter financiamento nos mercados.

Por parte das instituições financeiras há uma queixa de falta de diálogo com o Governo até agora,  de que não foram solicitados conselhos sobre este processo de pedido de ajuda. "Agora já não estão a trabalhar para a banca, mas para a Europa", afirmou à Funds People uma das grandes instituições.

Antes do resgate a Espanha, que neste caso não é para salvar as finanças públicas, mas para os bancos, a União Europeia (com o FMI) resgataram a Grécia, Irlanda e Portugal. 

Agora, os receios nos mercados concentram-se num possível contágio a Itália e a necessidade de fazer o mesmo com os seus bancos.