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Olha, Um Classe C! Não, é um classe S! Ah espera, afinal é o novo Mercedes classe E!

Conversas como esta, poderão bem vir a ser lugar-comum entre automobilistas (e não só), dadas as semelhanças evidentes entre os 3 modelos.

Se por um lado compreendo o intuito da marca em querer criar um certo ‘ar de família’, por outro, tenho a certeza que um proprietário do novo E, não vai apreciar a sensação de ter o seu carro confundido com o ‘irmão’ do segmento abaixo (menos mau se for ao contrário).

Recordo-me de um certo Porsche 911 (modelo 996), que no final dos anos 90, viu as suas vendas prejudicadas por apresentar uma frente demasiado parecida com a do Porsche Boxster.

Apesar disso, as linhas deste novo classe E são extremamente sedutoras e muito bem conseguidas. A imponência dos seus 4.90m fá-lo destacar da maioria do parque automóvel e mesmo num discreto cinzento-escuro, não há como não reparar nele. Sobretudo quando dotado do pacote exterior/interior ‘AMG’, encorpando a frente com um volumoso para-choques desportivo e generosas jantes de 19 polegadas, que albergam uns enormes (e muito potentes) travões dianteiros.

Uma das muitas novidades presente neste E220d, encontra-se debaixo do capô.

A Mercedes estreia um novo motor diesel de 4 cilindros com 2.0 litros, substituindo o antigo 2.1 com 177cv, pouco conhecido pelo seu refinamento ou suavidade de funcionamento. A potência sobe agora para 194cv, apesar de manter o valor de binário máximo nos 400Nm. As performances saem ligeiramente beneficiadas, mas onde se notam as maiores diferenças é, claramente, no campo dos consumos. Graças à presença da caixa automática 9G-Tronic, e dado que é possível rolar a 120km/h com 1.300rpm de motor, é surpreendente a facilidade com que se rubricam valores inferiores a 6.0ltrs/100km, sendo necessária uma atitude bastante ‘agressiva’ para ver as médias subir para lá dos 8.0!

Este novo motor é agora muito mais suave e isento de vibrações, permitindo-lhe ser muito silencioso mesmo quando afloramos regimes próximos das 5.000rpm (red-line às 5.250). A caixa de 9 velocidades tem um escalonamento perfeito e a souplesse com que gere as passagens de caixa, só reforça a evidente sensação de conforto de marcha.

O binómio motor/caixa encontra paralelo numa afinação suave de suspensão, que é capaz de absorver, sem queixumes, 99% das irregularidades do piso. Ocasionalmente, podemos ser perturbados por um pisar mais seco, mas muito por culpa das generosas jantes de 19 polegadas, calçadas com pneus de carácter desportivo.

A generosa distância ente eixos de 2.93m, é garantia de uma estabilidade imperturbável, mesmo naqueles momentos em que decidimos imprimir andamentos pouco consentâneos com aquilo que é de esperar de um ‘E’ equipado com um ‘pequeno’ motor diesel.

Mas não é apenas no comportamento dinâmico que a distância entre eixos desempenha um papel fundamental. Será antes em algo a que os potenciais compradores deste modelo darão, seguramente, prioridade; o espaço interior.

Se 5 adultos viajam sem quaisquer constrangimentos, 4 viajarão sob o lema ‘à larga’, quer nos lugares dianteiros quer, sobretudo nos lugares traseiros. Com muito espaço disponível para as pernas e também em altura.

Nos lugares dianteiros o espaço existente também é bom, mas no lado do passageiro, e a não ser que se opte por recuar bastante o banco, o espaço para as pernas é um tudo ou nada claustrofóbico, apesar da colocação recuada do tablier.

Do lado do condutor, rigorosamente nada a apontar, tendo facilmente obtido uma posição extremamente confortável, com óptima visibilidade e uma distância ideal para o volante/pedais.

Pautando-se por elevadíssimos padrões de qualidade, o rigor de montagem e uma escolha irrepreensível de materiais leva-me a afirmar, sem hesitações, que a Mercedes constrói os melhores interiores da actualidade. Quer na vertente da solidez, quer em termos de apuro estético. Existe um cuidado crescente com a modernização do desenho, afastando-se cada vez mais de uma linha mais ‘cinzenta’ e ‘quadrada’ do passado. Exemplo disso é a presença de um generoso ecrã central com 12,3 polegadas (há computadores portáteis com ecrãs mais pequenos), que apesar de não ser táctil, concentra a quase totalidade de funções possíveis de operar com este novo ‘E’.

Faróis de LED inteligentes, self-parking, Collision Prevent Assist Plus, são alguns dos muitos gadgets possíveis de encontrar neste novo E. Alguns de série, outros remetidos para a extensa lista dos opcionais, que no caso deste modelo ensaiado, já ascendia a 9.300€, atirando o preço final para lá dos 70.000€.

Para aqueles cujas performances não encabeçam a lista de prioridades, poderão optar por poupar uns milhares de Euros e esperar pela versão E200d, disponível com o mesmo bloco de 2.0 litros, mas numa configuração de 150cv, passível de eleger com caixa manual de 6 velocidades e… em preto com tecto verde…if you know what i mean 😉