A opinião de Michael Hasenstab sobre o hard landing chinês e o quantitative easing japonês

Hasenstab
Funds People

Ainda no rescaldo do “burburinho” que marcou o final de 2013 e o início de 2014 relativamente à grande rotação das obrigações para as ações, a Franklin Templeton Investments apresenta uma perspetiva mais comedida. “Na verdade, consideramos que a rotação mais importante acontece dos produtos de obrigações core tradicionais, para os ativos globais sem restrições”. A ideia é dada a conhecer por Michael Hasenstab, vice-presidente executivo da Franklin Templeton Fixed Income Group, nas notas referentes à última conferência apresentada pelo especialista. 

Depois da passagem do pânico dos primeiros meses do ano por causa da situação nos emergentes,  as obrigações conseguiram encontrar o trilho da recuperação. Para o especialista “o tapering protagonizado pela Fed, as divergências nos mercados emergentes, e o abrandamento do crescimento na China foram os três principais drivers por detrás do recente período de volatilidade que se viveu”. Feito um balanço, na Franklin Templeton Investments não há atualmente uma preocupação acerca da manutenção do tapering americano no sentido de criar uma crise de liquidez global, já que o Banco do Japão está a começar o seu quantitative easing. Relativamente à China, apesar das más notícias que proliferam, a entidade não estima que o país esteja a enfrentar um cenário de hard landing. Finalmente, Michael Hasenstab diz acreditar que “os países individualmente se vão continuar a diferenciar de outros países emergentes através de fundamentais robustos”. 

Quantitative Easing à japonesa

Debruçando-se mais especificamente sobre a liquidez global e sobre o Japão, é referido que o programa de quantitative easing levado a cabo no país “é muito provável que compense o início das compras da Fed”. A entidade acrescenta mesmo que “se se continuar no caminho atual, será provável que o Japão acrescente mais liquidez do que aquela que a Fed removeu durante o tapering”.

Como já é dito acima, a gestora não apoia a teoria de um hard landing chinês. Ainda que “os últimos dados revelem problemas com o excesso de investimento em determinados sectores e uma produção industrial decrescente”, o especialista acredita que estes números, contudo, “não refletem o panorama geral do país”. “Na verdade, a recente desaceleração é saudável e bem-vinda”, diz, acrescentando que “embora o crescimento da China seja menor em termos quantitativos, acreditamos que as recentes reformas levadas a cabo aumentaram a qualidade do crescimento”. 

Sanções na Ucrânia 

Não esquecida é também a situação na Ucrânia.  Concretamente, o vice-presidente executivo da Franklin Templeton Fixed Income Group, alerta que “muito provavelmente as sanções não são o caminho mais construtivo”. Como alternativa indica que a solução poderia passar por tornar a Ucrânia numa espécie de “estado tampão” entre a Europa e a Rússia. Finalizando, Michael Hasenstab espera que esta crise “possa ser um catalisador para possíveis  reformas políticas que parem a guerra entre o Leste e o Ocidente”. 

Numa questão de posicionamento estratégico, a gestora diz estar atualmente a “navegar” no contexto da eminente subida das taxas de juro. Assim, continuam "defensivos em relação à duração e procuram ativamente oportunidades que possam oferecer yields reais positivas”.