“A indústria brasileira de fundos será muito diferente daqui a cinco anos”

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Doe.Deer, Flickr, Creative Commons

O único segmento do mercado que já despertou para a diversificação foi o de ‘private banking’, que tem 47% da carteira alocada em fundos multimercado e 14% em acções. No retalho, em contrapartida, estas parcelas são de 11% e 7%, respectivamente.

Segundo o vice-presidente da ANBIMA, Carlos Massaru, devido ao alto volume de recursos e flexibilidade de prazos de investimento, o sector de ‘private banking’ está para o sector financeiro como a Fórmula 1 está para o sector automóvel. “Com o tempo, o que se faz ali se propaga para a indústria automóvel, mesmo que seja necessário colocar oito airbags no carro”, disse.

Na sua opinião, a mudança do investidor depende de uma transformação cultural, o que exige paciência. No entanto, o movimento é irreversível. “A gente se perguntava se este futuro ia chegar um dia, ele chegou finalmente”, afirmou. Agora, tanto investidores quanto gestores terão de sair de sua zona de conforto para dar um salto qualitativo, segundo Massaru.

O sócio da Vinci Partners, representante dos comités do segmento de retalho e banca privada da ANBIMA, Rodrigo Xavier, foi ainda mais taxativo sobre o momento actual: “o almoço grátis do CDI acabou”, disse. Apesar de o momento ser desafiador para os investimentos, ele lembrou que a mudança deve ser favorável para o país, ao permitir maiores investimentos.

Segundo ele, a indústria de fundos será “muito diferente” daqui a cinco anos, pois os investidores já estão a sofrer o impacto do novo cenário, mesmo que não tenham esta consciência no momento. Para Xavier, a procura pela diversificação que já começou no ‘private banking’ tende a se espalhar por toda a comunidade de investidores, e os fundos de pensões devem ser um dos primeiros a ponderar isso. Aos gestores, a única alternativa que resta é de adequar ao novo cenário, sob o risco de perder participação de mercado.