A história da gestora cujas ações revalorizaram em cerca de 7.400%

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Existe uma gestora de fundos no mundo cujas ações revalorizaram cerca de 7.400% nos últimos 20 anos na Bolsa de Nova Iorque, ou que ofereceu aos seus acionistas uma rentabilidade anualizada de 24,1% nas últimas duas décadas, o que, ao fim ao cabo, acaba por ser a mesma coisa. Trata-se da BlackRock, um caso de sucesso sem precedentes na indústria de gestão de ativos, cujas ações passaram dos 14 dólares, nível no qual começaram a negociar no mercado, para mais de 500 dólares aos quais "tocam" atualmente.

A entidade é relativamente jovem. Foi fundada em 1988 na cidade de Nova Iorque por sete acionistas, os mais importantes Larry Fink e Robert Kapito, que nos 30 anos de história da empresa conseguiram tornar a sua pequena criação dos anos oitenta naquela que é hoje a maior gestora do mundo por ativos geridos, com um património de 6,3 biliões de dólares e 14.000 funcionários que estão distribuídos por todo o mundo. Quando nasceram, geriam apenas 1.000 milhões de dólares. Dez anos depois, o seu património gerido tinha alcançado os 250.000 milhões. No entanto, é a partir de 2008 que a gestora dá o grande salto.

Naquele ano, a Reserva Federal dos Estados Unidos pediu consultoria à BlackRock na crise financeira. Nessa altura, a entidade geria ativos no valor de 1,5 biliões de dólares. Um ano depois comprava a BGI à Barclays por 9.500 milhões de euros. No acordo entrava a iShares, entidade que a BlackRock transformaria na sua plataforma de ETFs. Foi uma jogada brilhante que fez com que, durante os dez anos seguintes, o volume de ativos sob gestão da BlackRock disparasse, tornando-se hoje naquela que é a maior gestora de ativos do mundo.

A gestora pode gabar-se de ser a empresa financeira do S&P 500 que mais subiu nos últimos 20 anos e a décima primeira empresa do ranking por rentabilidade. Paradoxalmente, os únicos que não puderam beneficiar da subida da ação da empresa são os próprios gestores de fundos ativos da BlackRock, uma vez que as posições do valor na carteira de um fundo da empresa estão restringidas aos produtos indexados e a sua ponderação deve ser idêntica à do índice de referência.

São apenas dez as empresas do S&P 500 que ultrapassaram em rentabilidade a BlackRock neste período. A que lidera o ranking é uma empresa de consumo, mais concretamente de bebidas energéticas: Monster Beverage. Quem tivesse comprado uma ação desta empresa há 20 anos e a mantivesse em carteira teria alcançado uma rentabilidade de 82.200%, o que em termos anualizados significaria uma revalorização de praticamente 40%. A Monster Beverage é, de longe, a empresa mais rentável na bolsa americana neste período. A segunda no ranking – uma de tecnologia, Cognizant Technology, vinculada à inteligência artificial – subiu em bolsa cerca de 24.300% desde 1998, o que pressupõe ter oferecido um retorno anualizado de 31,7%.

No ranking das 20 empresas mais rentáveis do S&P 500 nos últimos 20 anos aparecem tanto valores cíclicos como defensivos. Se os dividirmos por setores, podem ser encontrados em empresas de saúde, tecnológicas, de consumo cíclico, básico… Do setor financeiro está apenas a BlackRock. É precisamente no outro extremo onde um grande número de entidades financeiras se enquadram. De facto, o título que registou um pior comportamento bolsista foi a AIG. A empresa seguradora perdeu nos últimos 20 anos cerca de 91% do seu valor, o que significa uma queda anualizada de 11,4%. Sete dos 20 piores valores são financeiros: Citigroup (-48% desde 1998, isto é, -3,2% anualizado em 20 anos), Loews Corporation (-0,5% anualizado), Regions Financial (0,1% anualizado), Fifth Third Bancorp (0,5%), Unum Group (0,6%) e Huntington Bancshares (1,6%).

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