A grande rotação: realidade ou mito?

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Zamber, Flickr, Creative Commons

Desde o início de 2013, que se fala muito acerca da grande rotação de obrigações para acções. A pergunta que se coloca é até que ponto isso se verifica ou não na realidade. Este tema tem sido alvo de debate por parte da Schroders no Primer Thought Leadership Live. No evento, estiveram presentes especialistas da indústria como Peter Harrison, director de acções da Schroders, Philippe Lespinard, co-responsável da área de obrigações, Alan Brown, assessor sénior e especialista em fundos e Diana Mackay, CEO da empresa de análise de mercado de fundos MackayWilliams.

A conclusão clara da maioria dos presentes foi de que não se está a produzir uma grande rotação, mas várias rotações, menores e mais subtis. Neste sentido,  Philippe Lespinard disse que "actualmente não estamos a observar uma saída de capitais de obrigações para acções. Em vez disso, a rotação está a reflectir-se na transferência de dinheiro desde aplicações em ‘cash’ e dívida pública para dívida corporativa e dívida de mercados emergentes. Dadas as cada vez mais limitadas opções disponíveis no universo de obrigações para obter rendimentos, os investidores optam por activos mais expostos ao risco de forma a conseguirem os mesmos rendimentos que tinham no passado”, assegurou.

Peter Harrison considerou que "estamos a passar por uma situação um tanto esquizofrénica, onde  os mercados de acções estão a subir, apesar do forte viés para acções defensivas. As avaliações de muitas acções defensivas que pagam dividendos elevados, como as empresas norte-americanas de utilitários, estão a ponto de esgotar o seu potencial de valorização.

Acredito que isto poderá estar a mudar, especialmente nos EUA, onde foi recentemente possível discernir uma rotação de acções defensivas para áreas mais cíclicas à medida que a recuperação se generaliza. No entanto, os investidores devem confiar mais na situação económica antes que se produza uma rotação decisiva dentro da categoria de acções". 

Diana Mackay  explicou que as entradas que se têm verifica em acções são, na sua maioria, dinheiro novo e não provenientes de obrigações. Todos os participantes concordaram que os mercados emergentes continuam a aumentar a sua força. Nesse sentido,  Lespinard  observa que, actualmente,  os mercados emergentes são vistos como um lugar mais seguro para investir que os mercados europeus.

Os participantes do debate também consideraram que se trata de um bom momento para conseguir ‘alpha’, pois de acordo com Harrison, na actual situação de mercado, as correlações entre os valores estão a começar a diminuir e isso cria mais oportunidades para adoptar uma abordagem selectiva na escolha de valores, em vez de ter na base da mesma na direcção do mercado. "Os clientes estão a centrar-se mais em mandatos de retorno total e absoluto, deixando de lado a obsessão tanto por índices de acções como por índices de obrigaçõs", indicou.