A funcionalidade das previsões económicas

numbers
re_birf, Flickr, Creative Commons

“A única função das previsões económicas é fazer com que a astrologia pareça respeitável” ou a “única função das previsões das taxas de juro é fazer com que as previsões económicas pareçam respeitáveis”, são as duas máximas com as quais Joshuan McCallum e Gianluca Moretti, economistas da UBS Global Asset Management, começam o seu habitual “Economist Insights”. Na realidade, dizem, mesmo que algumas previsões económicas tenham falhado, as que se têm vindo a elaborar relativamente às taxas de juro “têm sido as piores”.  

Escrevem que “todos os anos desde 2011, o consenso das previsões dos estrategas para os EUA tem-se mostrado errado” (gráfico abaixo), referem, lembrando que “em cada ano que os especialistas esperavam que as taxas aumentassem, apenas acertaram uma vez, em 2013”.

Para este ano a previsão já está a ser algo desafiante, “porque as yields estão a cair abaixo dos 2%, em vez de subirem”. Os culpados parecem ser fáceis de identificar: “desapontamentos na política monetária, crescimento e inflação”, reiteram.

Relativamente à inflação, indicam que nos primeiros meses de 2013 o índice de preços foi em média de 1.7%, e nos primeiros meses de 2012 de 2.8%. “Atualmente por causa da queda dos preços do petróleo, o mercado está a prever um CPI de 0,7%. Será então a inflação uma parte da história?”. Avisam que a queda a que se assiste na inflação tem de facto muito a ver com a queda dos preços do petróleo.

Outra das explicações que são apresentadas, é que o pessimismo dos investidores não é apenas relativo aos EUA ou à Europa em particular, “mas sim em relação ao crescimento em geral”. Resumem que existem evidências de que “a debilidade dos preços do petróleo é um sinal de que a procura global está a abrandar”.

Ou seja, para os dois especialistas, “os preços do petróleo estão baixos porque existe um ‘shock’ negativo na procura – e esse ‘shock’ deverá encorajar as pessoas a comprar obrigações governamentais seguras”, indicam. “Se olharmos para os dados globais do petróleo nos últimos 44 anos, podemos identificar shocks na procura bastante evidentes”, concluem (ver gáfico abaixo).