A expetactiva que Mario Draghi deitou por terra

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European Parliament, Flickr, Creative Commons

Sem dar certezas sobre o tamanho da próxima compra de ativos, Mario Draghi confirmou que o BCE irá comprar obrigações hipotecárias a partir de meio de outubro, enquanto a compra da dívida titularizada (asset backed securities, em inglês) terá lugar no quarto trimestre deste ano. Mais concretamente sobre a compra de ativos o presidente do BCE foi pouco explícito: apenas revelou que estas terão lugar durante os próximos dois anos.

Azad Zangana, economista europeu da Schroders, fala precisamente em deceção. “Os investidores esperavam que o BCE iria intensificar os planos de estímulo depois do recente enfraquecimento tanto do crescimento, como da inflação, quer fosse através do anúncio de um grande volume de compras de ativos, fosse por via da adição de compras de dívida estrangeira”, escreve.

Mas a declaração de Draghi acabou por ser vaga. “Ele apenas confirmou as medidas anunciadas anteriormente, mas sem anunciar a dimensão do programa”, resume o especialista da gestora internacional. Azad Zangana lembra que o presidente do BCE “no passado tinha sinalizado que gostava que o balanço do banco voltasse ao pico observado em 2012, no entanto, rejeitou a ideia de voltar a picos anteriores a essa data”. Esta afirmação, na opinião do especialista, pode significar uma de duas coisas: ou que o conselho governativo do BCE não apoia esta noção, ou que entende que não é possível de alcançar.

Na base do problema, o economista entende que está o facto de “o conjunto de ativos alvo ser demasiado pequeno para ter um forte impacto na economia”. Prossegue, referindo que o stock disponível de dívida titularizada é de aproximadamente 250 mil milhões de euros, enquanto  o de obrigações hipotecárias é de aproximadamente 650 mil milhões de euros.

O encontro de ontem levado a cabo pelo BCE, foi, na generalidade uma “confirmação de que o conselho governativo do BCE está em modo esperar para ver”, resume.