Obrigações, ações, liquidez... como variou a alocação dos fundos mobiliários

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Cada entidade que faz gestão de fundos mobiliários nacionais tem um determinado bias para alguns tipos de aplicações em que investe: seja por via da própria política de investimentos da casa, seja pelo que deriva da convicção da equipa gestora em questão.

Dados da APFIPP, de final de dezembro de 2017, permitem olhar para o tipo de investimento que cada uma das gestoras mobiliárias protagoniza, por tipo de ativo. Comecemos pelas Obrigações Diversas Euro. Em termos agregados, o valor alocado a este tipo de ativo por parte das gestoras de fundos mobiliários cresceu de 2016 para 2017, de cerca de 2.100 milhões de euros para aproximadamente 3.500 milhões.

Obrigações diversas euro – as maiores entidades foram também as maiores protagonistas

Por entidade, e observando em primeiro lugar as gigantes de mercado, destaque para a BPI Gestão de Activos. A entidade, de um ano para o outro, regista um aumento do peso desta classe de ativos relativamente ao seu património total. Se em 2016 a preponderância era de 23%, um ano depois subia para os 37%. De um ano para o outro a gestora tinha mais 442,8  milhões de euros alocados a esta rubrica, e chegava ao final do ano passado com mais de 1.100 milhões euros investidos nesta classe de ativos, sendo deste modo a entidade com a quantia mais avultada nesta rubrica.

Também a Caixagest aumentou o peso relativo a obrigações diversas euro. No final de 2016 a classe de ativos representava 14% do património total, enquanto que em 2017 essa preponderância ganhou forma e aproximou-se dos 30%. O montante alocado à classe de ativos em causa cresceu 110% e está num patamar muito próximo da antecessora: 1.021 milhões de euros, em dezembro de 2017.

Evolução na categoria Obrigações Diversas Euro (milhões de euros)

Gestora Obrigações Diversas Euro 2016 Obrigações Diversas Euro 2017 Variação absoluta Variação Percentual  Património total da entidade, 2016 Património total da entidade, 2017

Peso da classe de ativos no património total, 2016

Peso da classe de ativos no património total
Profile 22,4 0 -22,4 -100% 53,7 419,25 42% 0%
Bankinter Gestão de Activos  12,9 48,3 35,4 274% 40,2 103,4 32% 47%
BPI Gestão de Activos 699,2 1142 442,8 63% 3054 3103 23% 37%
Caixagest 485,4 1021 535,6 110% 3519 3927 14% 26%
Dunas Capital  6,8 2,5 -4,3 -63% 46,2 42,4 15% 6%
GNB SGFIM 69,4 75,8 6,4 9% 303,3 337,3 23% 22%
Invest Gestão de Activos 5 14,2 9,2 184% 18,5 33,7 27% 42%
Lynx Asset Managers 1,4 0,8 -0,6 -43% 35 20,6 4% 4%
Montepio Gestão de Activos  30,5 30,1 -0,4 -1% 177,4 169 17% 18%
Optimize Investment Partners 11 8,7 -2,3 -21% 95,8 118,7 11% 7%
Popular Gestão de Activos 16,12 25 8,88 55% 145,5 173,9 11% 14%
Santander Asset Management 342,4 515 172,6 50% 1511 2007 23% 26%
CA Gest + IMGA (*) 472,6 648,9 176,3 37% 2080,5 2253 23% 29%

Fonte: APFIPP, 31 dezembro de 2017

Do domínio doméstico para o internacional. No investimento no campo acionista internacional são duas as entidades que saltam à vista: a Caixagest e a GNB Gestão de Activos. A primeira, em termos absolutos, é a que mais investe nesta rubrica – 374 milhões de euros – o que representa uma parcela de 10% do património total que detém. No caso da GNB Gestão de Activos – e provavelmente por via da oferta de fundos que disponibilizam – esta classe de ativos compõe 7% do valor total por eles gerido. Em ações internacionais a entidade alocava no final de 2017 mais de 23,4 milhões de euros, muito embora este número tenha decrescido ligeiramente no ano: 2,1 milhões de euros.No campo acionista, as entidades protagonistas variam. No que toca ao investimento na rubrica ‘ações e títulos de participações nacionais’ a conclusão visível surge logo à cabeça: em termos totais do mercado, o valor alocado pelas gestoras a esta classe de ativos não vai além dos 183 milhões de euros. As entidades que têm produtos dedicados ao mercado nacional, têm obviamente maior preponderância de património alocado a esta rubrica. Note-se a Invest Gestão de Activos, que apresenta 8% do seu património alocado a estes ativos, peso que no entanto desceu face aos 16% de final de 2016.  Em termos totais, a entidade tinha no término do ano passado 2,9 milhões de euros investidos no mercado acionista nacional.  A Santander Asset Management é a entidade que aloca mais dinheiro neste campo: mais de 70 milhões de euros, que se expressam através de um peso de 4% do total de ativos geridos pela entidade.

Evolução na categoria Ações + títulos de participação nacionais (milhões de euros)

Gestora Ações + tit. particip. nacionais 2016 Ações + tit particip. nacionais 2017 Variação absoluta Variação Percentual  Património total da entidade, 2016

Património total da entidade,

2017

Peso da classe de ativos no património total, 2016 Peso da classe de ativos no património total, 2017
Profile 5,2 0 -5,2 -100% 53,7 419,25 10% n.a.
Bankinter Gestão de Activos  0 0 0 n.a 40,2 103,4 0% 0%
BPI Gestão de Activos 29,9 30,1 0,2 1% 3054 3103 1% 1%
Caixagest 23,1 24,1 1 4% 3519 3927 1% 1%
Dunas Capital  0 0 0 n.a 46,2 42,4 0% 0%
GNB SGFIM 10,3 23,5 13,2 128% 303,3 337,3 3% 7%
Invest Gestão de Activos 2,9 2,6 -0,3 -10% 18,5 33,7 16% 8%
Lynx Asset Managers 0 0 0 n.a 35 20,6 0% 0%
Montepio Gestão de Activos  7,1 6,8 -0,3 -4% 177,4 169 4% 4%
Optimize Investment Partners 0,57 0 -0,57 -100% 95,8 118,7 1% 0%
Popular Gestão de Activos 0,18 0,45 0,27 150% 145,5 173,9 0% 0%
Santander Asset Management 63,3 71,5 8,2 13% 1511 2007 4% 4%
CA Gest + IMGA (*) 23,41 24,8 1,39 6% 2080,5 2253 1% 1%

Fonte: APIPP, 31 dezembro 2017

Evolução na categoria Ações internacionais (milhões de euros)

Gestora Ações Internacionais 2016 Ações Internacionais 2017 Variação absoluta Variação Percentual  Património total da entidade, 2016 Património total da entidade, 2017 Peso da classe de ativos no património total, 2016 Peso da classe de ativos no património total,2017
Profile 0 0 n.a n.a 53,7 419,25 n.a n.a.
Bankinter Gestão de Activos  0 0 n.a n.a 40,2 103,4 n.a n.a.
BPI Gestão de Activos 60,3 57 -3,3 -5% 3054 3103 2% 2%
Caixagest 303,4 374,4 71 23% 3519 3927 9% 10%
Dunas Capital  0 0 n.a n.a 46,2 42,4 n.a n.a.
GNB SGFIM 25,5 23,4 -2,1 -8% 303,3 337,3 8% 7%
Invest Gestão de Activos 0 0 n.a n.a 18,5 33,7 n.a n.a.
Lynx Asset Managers 0 0 0 n.a 35 20,6 n.a n.a.
Montepio Gestão de Activos  0 0 0 n.a 177,4 169 n.a n.a.
Optimize Investment Partners 2,7 3,4 0,7 26% 95,8 118,7 3% 3%
Popular Gestão de Activos 0 0 0 n.a 145,5 173,9 n.a n.a.
Santander Asset Management 37,1 42,6 5,5 15% 1511 2007 2% 2%
CA Gest + IMGA (*) 15,8 19,6 3,8 24% 1673 2253 1% 1%

Fonte: APIPP, 31 dezembro 2017

Uma grande percentagem do património das gestoras mobiliários está confinado a aplicações curto prazo (liquidez euro): no final de 2017 esta rubrica valia mais de 3.000 milhões de euros, muito embora se tenha reduzido bastante face aos quase 4.000 euros de final de 2016 Em termos absolutos é a Caixagest que mais investe nesta categoria: 1.695 milhões de euros, no final de dezembro passado. Contudo, o valor alocado a este segmento reduziu-se comparativamente com há um ano atrás: menos 400 milhões de euros. A ponderação relativamente ao património total também decresceu no ano de 42% para 33%. Esta variação significativa reflete um afastamento das entidades gestoras da segurança da liquidez e uma maior aposta relativa em ativos de risco. Realça-se o facto das aplicações de liquidez em moeda estrangeira não serem refletidas nesta análise em virtude do seu peso marginal. 

Evolução na categoria aplicações curto prazo (liquidez euro) (milhões de euros)

Gestora Aplicação C. prazo (liquidez euro) 2016 Aplicação C. prazo (liquidez euro) 2017 Variação absoluta no ano  Variação Percentual no ano  Património da entidade em 2016 Património da entidade em 2017 Peso da classe de ativos no património 2016 Peso da classe de ativos no património 2017
Profile 6,4 0,2 -6,2 -97% 53,7 419,25 12% 0%
Bankinter Gestão de Activos   5,7    5,8 0,1 2% 40,2 103,4 14% 6%
BPI Gestão de Activos 1115 814 -301 -27% 3054 3103 37% 26%
Caixagest 1695 1286 -409 -24% 3519 3927 48% 33%
Dunas Capital  19,2 17,4 -1,8 -9% 46,2 42,4 42% 41%
GNB SGFIM 60,8 49,59 -11,21 -18% 303,3 337,3 20% 15%
Invest Gestão de Activos 1,3 2,2 0,9 69% 18,5 33,7 7% 7%
Lynx Asset Managers 16,3 4,3 -12 -74% 35 20,6 47% 21%
Montepio Gestão de Activos  56,4 52,3 -4,1 -7% 177,4 169 32% 31%
Optimize Investment Partners 4 5,3 1,3 33% 95,8 118,7 4% 4%
Popular Gestão de Activos 14,6 18,2 3,6 25% 145,5 173,9 10% 10%
Santander Asset Management 179 195,5 16,5 9% 1511 2007 12% 10%
CA Gest + IMGA (*) 794,8 640,7 -154,1 -19% 2080,5 2253 38% 28%

Fonte: APIPP, 31 dezembro 2017

Em breve apresentamos-lhe como é que cada entidade investe em UPs de fundos de investimento nacionais e internacionais.

*Recorde-se que em 2017 os fundos da CA Gest passaram para a esfera de gestão da IMGA.