A economia brasileira mostra sinais de melhoria

Emiliano_Surballe_Julius_Baer
Cedida

O crescimento homólogo de 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre de 2013 apanhou os mercados de surpresa. Embora tenham sido vários os setores que contribuíram para este número, o agrícola e o transformador foram aqueles que tiveram maior influência. Infelizmente, a atividade industrial apresentou um abrandamento significativo. Ainda assim, prevê-se que o câmbio mais fraco e os ganhos inesperados da campanha agrícola impulsionem o setor transformador de exportação e os setores de serviços na segunda metade de 2013.

A inflação homóloga em setembro no país abrandou para os 5,86%, mas a variação mensal continua a um ritmo elevado. Embora a aceleração do crescimento brasileiro seja, de uma forma geral, positiva, também faz aumentar as potenciais pressões inflacionárias. Adicionalmente, a recente descida da taxa de desemprego sugere uma possibilidade de pressões inflacionistas impulsionadas pela procura.

 

Brasil – Subida do crescimento e descida da inflação, pelo menos temporariamente…

Fonte: Datastream, Julius Baer

 

O défice da conta corrente do Brasil atingiu um recorde 3,6% do PIB em agosto devido às fracas exportações. Acreditamos que este fenómeno será passageiro, dado que a recente desvalorização do real brasileiro (BRL) terá uma repercussão positiva nas contas externas durante os próximos meses. Também gostaríamos de acrescentar que os receios sobre a deterioração da conta corrente do país são exagerados. Na verdade, a posição ativa externa líquida do Brasil cresceu de -890 mil milhões de USD em 2010 para os atuais -604, o que representa apenas -32% do PIB. No global, a posição financeira líquida da economia brasileira continua forte.

E os ativos brasileiros e o BRL já recuperaram dos mínimos de julho e agosto. Os números do crescimento melhores do que o esperado e um sentimento do mercado mais positivo relativamente aos mercados emergentes impulsionaram os ativos brasileiros, em particular as obrigações denominadas em BRL. No futuro vemos valor no crédito em moeda forte, visto que a recente correção deixou muitas obrigações de baixo grau de investimento a preços atrativos.

Conclusão

Os dados mais recentes apontam para alguma recuperação da economia brasileira. O BRL barato deve permitir que as empresas continuem a estabilizar as suas receitas e promove a competitividade, pelo menos temporariamente, de um setor transformador em dificuldades. A recente boa surpresa no crescimento trimestral é bem recebida e deve originar revisões em alta do crescimento do PIB para todo o ano de 2013. Agora que é possível evitar um abrandamento significativo, a inflação suscita mais preocupações. Um mercado de trabalho com maiores restrições deve sustentar o consumo, diminuindo as probabilidades de uma queda significativa da inflação. Felizmente, no curto prazo, a inflação dos salários reais parece controlada.

Na vertente externa, o adiamento pela Reserva Federal Norte-americana do fim do estímulo financeiro faz crescer o entusiasmo por ativos dos mercados emergentes e deve suportar os ativos brasileiros durante até ao fim do ano. Espera-se que estas melhores condições internas e externas proporcionem mais estabilidade ao BRL e, para o futuro, prevemos uma ligeira desvalorização gradual da moeda em linha com a inflação.