A diferença entre falar e fazer

No mundo financeiro há uma enorme diferença entre os que falam e os que fazem. Os primeiros vão-se safando, umas vezes melhor outras pior, mas como em regra a memória de quem os ouve é curta, chegam-se a aguentar bastante tempo. 

De rebente, o jogo muda radicalmente e as cartas são outras. Já não bastam as palavras, são precisos resultados... Lá caem uns quantos e eis que surgem a liderar os que falavam menos, mas sempre fizeram e foram cumprindo.
 
É assim na vida das organizações; quando os ciclos são de fartura temos umas personagens mais sonhadoras e visionárias. Quando mudam, aparecem outras mais sérias e consequentes. Nas organizações que se destacam, vemos sempre um bom equilíbrio de ambos (é aliás o que dita a regra do bom senso!).
 
Portugal emitiu 3 bn€ a 10 anos e a uma taxa de 5,6%. Não é seguramente um feito dos que apenas falam! Entender o que isto significa na actual conjuntura está apenas ao alcance de poucos. Que não haja menor dúvida que é seguramente de louvar, mas não chega, é só o princípio! Teremos de enfrentar muitos refinanciamentos destes pela frente se quisermos voltar a ser autónomos, mais precisamente 14 bn€ em 2014, 17 bn€ em 2015, 21 bn€ em 2016, para voltarmos a um padrão anual de 12 bn€ entre 2017 e 2020, culminando num novo pico  de 22 bn€ em 2021.
 
A consolidação no sector privado já foi feita à conta de pesados impostos e as contas públicas equilibradas a nível dos saldos primários. Falta agora a consolidação no sector público (finalmente anunciada!), a redução do peso do Estado na economia e uma verdadeira política europeia de crescimento, devolvendo-nos algum trabalho, agora que nos retiram o cartão de crédito.
Até lá, que se mantenham na política os que fazem (de preferência mais vezes bem que mal); já deveríamos ter juízo para saber o que acontece se assim não for!