A componente “comportamento” e a gestão de risco ganham nova importância

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Little_Pan, Flickr, Creative Commons

O mercado está a entrar numa nova fase. Na sua última carta, Giordano Lombardo, Group Chief Investment Officer da Pioneer Investments, é perentório e refere que  depois de um longo bull market, agora “a volatilidade vai tornar-se a principal caraterística e os retornos vão manter-se suprimidos por mais algum tempo”.

E em que se baseia? “Existem dois elementos que combinados representam os ingredientes perfeitos para um cenário de ‘baixos retornos, alta volatilidade’”. O primeiro deles, refere, são “os níveis de sobrevalorização alcançados pela maioria das classes de ativos”. O segundo elemento está relacionado com o nível de dívida ainda presente na economia global. (ver gráfico abaixo). 

Contrariamente à crença comum, Giordano Lombardo acredita que o valor total de dívida (privada e pública) tem crescido nos últimos anos, e é agora 14% mais alta do que no quarto trimestre de 2007. “O que mudou foi a composição dos detentores da dívida e da alocação geográfica. No mundo desenvolvido, o sector privado (famílias e empresas) tem efetivamente levado a cabo uma desalavancagem, enquanto a dívida governamental aumenta”, indica. Numa comparação geográfica, o especialista lembra que os mercados emergentes (e especialmente a China), que têm sido mais virtuosos em relação à acumulação de dívida, estão agora a seguir as economias desenvolvidas em termos de re-alavancagem.

Como consequência referem que o processo de desalavancagem vai demorar algum tempo a ser concluído. Por isso, “é provável que pese não só no nível de crescimento total, mas também na volatilidade da taxa de crescimento”.

O CIO da Pioneer acredita que a preocupação por parte dos Bancos Centrais existe, mas que eles estão a ficar sem “armas de combate” (principalmente os Keynesianos, como é o caso da Reserva Federal, do Banco de Inglaterra e do Banco do Japão). “Mesmo que avancem com medidas não convencionais (como foi o caso do BoJ), elas provavelmente vão ter menos efeitos no médio prazo, sem o acompanhamento de mudanças nas políticas fiscais”, escreve, referindo também que o BCE pode ter mais impacto com as experiências do quantitative easing. No entanto deixa o aviso de que a falta de apoio de certos países, como a Alemanha, pode ser prejudicial.

Redefinição dos portfólios

Perante este ambiente incerto de mercado, Giordano Lombardo, acredita que acima de tudo é necessário fazer-se “uma grande redefinição da construção das carteiras, com um nível de diversificação muito maior do que no passado. Na verdade, com baixos retornos e alta volatilidade em todas as classes de ativos, todas as fontes de retorno (beta) serão essenciais para aumentar a sua rentabilidade”, resume

Acredita também que daqui para a frente a componente do comportamento no investimento também será decisiva, constituindo um elemento importante para gerar um alpha sustentável. “A capacidade de maximizar o win/loss ratio pode de agora em diante ser um motor importante da performance activa”, diz, acrescentando que “estão a trabalhar continuamente de forma a melhorar a disciplina de gestão de risco”.