A China desacelera, podendo “arrastar” outros Emergentes

china_sunset
Steve Webel, Flickr, Creative Commons

Nos últimos anos “China” foi sendo sinónimo de “crescimento”. Pode até mesmo dizer-se que a maior história do século XXI, foi de longe, o crescimento do gigante asiático. No seu último Global Investment Insights, a UBS Global Asset Management, recorda precisamente que durante a crise financeira global, a China foi o “grande contribuidor para o crescimento económico”.

Matthew Richards, Estratega da Global Investment Solutions, na UBS Global Asset Management, lembra que “enquanto a bolsa norte-americana foi responsável por muito do crescimento da capitalização global, a maior parte dessa apreciação dos preços foi proveniente do crescimento da China”, porque o país se tornou a grande fonte de lucro de muitas das empresas norte-americanas. A desaceleração do gigante asiático, para a UBS Global AM, pode portanto ser “prejudicial para ações globais”. No entanto, sublinha-se também que o crescimento chinês é extremamente dependente das despesas de investimento, comparando com outras grandes economias.

Os três sinais de alerta a ter em mente

Segundo a entidade, a China atualmente mostra três sinais clássicos de aviso sobre o início de uma desaceleração do investimento. Em primeiro lugar, Matthew Richards fala do nível da utilização da capacidade, que foi estável num intervalo entre 90% e 105% até 2011, mas que desde então caiu para os 55%. Em segundo lugar, diz, a economia desacelerou. “Pela primeira vez desde o início dos anos 90, o PIB esteve abaixo dos 8%, durante 8 trimestres consecutivos”. Por fim, o terceiro sinal, prende-se com o facto do “yuan chinês estar a assistir à sua maior depreciação face ao dólar desde que a China permitiu a flutuação da taxa de câmbio, que se iniciou em 2005”, indica.

O que sairá afetado

Para o especialista da entidade, é difícil prever quais são os principais efeitos nos investimentos deste abrandamento. Ainda assim, existem quatro áreas que poderão ser afetadas. A China como um todo será a primeira prejudicada, diz o profissional da Global Investment Solutions, que acredita que o reequilibrar da economia chinesa poderá criar ainda mais desemprego no país. Depois, também as ações e as moedas de outros mercados emergentes poderão ser afetados. Os preços das commodities são a terceira área implicada, com “a pressão a estar concentrada especialmente no sector da energia e na indústria metalúrgica”.

A quarta e última temática a poder sofrer consequências são as yields das obrigações, que na opinião de Matthew Richards, se manterão baixas por um longo período de tempo.