A alocação do património das famílias portuguesas

Familia por do sol praia
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O Banco de Portugal apresentou recentemente os resultados da terceira edição do Inquérito à Situação Financeira das Famílias (ISFF) realizado no âmbito do projeto europeu Household Finance and Consumption Survey (HFCS) com o objetivo de obter informação comparável sobre a situação financeira das famílias nos países da área do euro e em outros países europeus. Os dados do ISFF incidem principalmente sobre riqueza das famílias residentes em Portugal, nomeadamente sobre os ativos reais, os ativos financeiros e as dívidas, sendo também recolhida informação sobre aspetos demográficos e socioeconómicos, incluindo o rendimento e consumo. O Inquérito à Situação Financeira das Famílias (ISFF) foi realizado entre maio e setembro de 2017.

 

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De acordo com o documento divulgado pela entidade supervisora do sector bancário, a riqueza líquida média das famílias residentes em Portugal era de 162,3 mil euros e a mediana, 74,8 mil euros. Nesse ano, as famílias pertencentes ao conjunto das 10% com maior riqueza líquida detinham 53,9% da riqueza líquida total das famílias, enquanto o conjunto das 50% com menor riqueza líquida detinha 8,1% da mesma. A riqueza líquida por família aumentou em termos reais entre 2013 e 2017, 13,2% em média, e 10,0% quando considerado o valor mediano.

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Os imóveis são os ativos mais importantes das famílias, representando 87,7% do total de ativos. Já no que se refere aos ativos financeiros, os depósitos à ordem são o ativo com maior peso para as famílias da classe de riqueza líquida mais baixa e os depósitos a prazo para as famílias das restantes classes. A rubrica de ativos financeiros inclui o conjunto dos depósitos à ordem, a prazo (onde se incluem os certificados de aforro e os certificados do Tesouro), os ativos transacionáveis e o valor acumulado dos planos voluntários de pensões e dos outros ativos financeiros. Os ativos financeiros transacionáveis incluem as ações cotadas, os fundos de investimento e os títulos de dívida transacionáveis. 

 

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Em 2017, os depósitos à ordem representavam 17,8% dos ativos financeiros e os depósitos a prazo representavam, 58,1%. Os ativos financeiros transacionáveis representavam 8,3%, os planos voluntários de pensões 6,3% e os restantes ativos financeiros, 9,5% do valor total dos ativos financeiros. Confira abaixo a distribuição dos ativos financeiros por classe de riqueza, de rendimento e idade. 

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Os dados divulgados pelo Banco de Portugal permitem aferir também acerca da percentagem de cada um dos perfis, de cada uma das classes e condições profissionais e de formação académica, que detêm cada uma das categorias de ativos financeiros. No que se refere aos ativos transacionáveis, que incluem os fundos, ações e obrigações, observamos a expectável correlação da percentagem de famílias que detêm estes ativos e o nível de riqueza e rendimento. Também o nível de escolaridade é relevante nesta análise, considerando que a percentagem de indivíduos com o ensino superior que detêm este tipo de ativos é muito superior, em média, aos que apenas completaram o ensino secundário. Já no que se refere à idade, observamos que é nos anos imediatamente anteriores à reforma que as famílias detêm mais ativos transacionáveis, bem como planos de pensões. 

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Outros estudos estatísticos, promovidos pela EFAMA e pelo Credit Suisse mostram com outros níveis de detalhe a distribuição do património das famílias portuguesas. As séries longas do Banco de Portugal mostram a evolução ao longo das últimas quatro décadas