44% dos portugueses preferem fundos que olhem para a sustentabilidade

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Daniel Hjalmarsson, Unsplash

Foram mais de 23 mil investidores com dinheiro investido em 32 locais do mundo os auscultados pelo Schroders Global Investor Study 2020. Um estudo que revela que “embora com variações demográficas, a grande maioria dos investidores globais não está disposta a investir “a qualquer preço” para obter retornos elevados, mas que mostra também que 47% já privilegia fundos sustentáveis (44% na Europa)”. Os motivos enunciados são simples. Primeiramente, reporta a Schroders, a principal razão (47%) está relacionada com os impactos positivos que estes investimentos proporcionam ao meio ambiente. O segundo motivo, comentam, “diz respeito à crença de conseguirem obter retornos superiores (42%)”. Apenas para 11% dos investidores inquiridos, o investimento sustentável não lhes proporciona os retornos elevados que desejam.

 

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Portugueses na linha da frente das preocupações

Os portugueses parecem estar na linha da frente destas preocupações, e o estudo revela que entre os questionados nacionais 44% prefere fundos que têm em consideração as questões de sustentabilidade. Uma percentagem que, assinalam, aumentou três pontos percentuais face ao revelado no mesmo estudo em 2018. “A percentagem é similar à média europeia, mas está abaixo do que acontece na Ásia e Américas”, pontualizam.

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Mas não se ficam por aqui as preferências dos portugueses. O estudo demonstra que em Portugal, “a ética prevalece face aos retornos elevados, com 82% dos inquiridos a assumir não ceder, comparativamente aos restantes 18% dos inquiridos para os quais um retorno médio de 20% seria suficiente para investir contra as suas convicções”. Apenas os chineses superam os portugueses relativamente a esta vontade de sacrificar um maior retorno. “A percentagem portuguesa dos que assumem não investir contra os seus princípios é, aliás, uma das mais elevadas quando comparada com as respostas dos diferentes países: igual à dos italianos e similar à dos belgas, suecos e dinamarqueses (81%) e apenas superada pelos chineses (90%)”, escrevem.

Animadores são os números que mostram que, ainda assim, “no total, 77% não investiria contra as suas crenças pessoais e para aqueles que o fizessem, o retorno médio sobre o investimento seria de 21% para compensar o sentimento de culpa”.

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A informação veiculada sobre este tipo de investimento foi outro dos pontos abordados neste inquérito, e fica a perceber-se que na Europa os consultores financeiros parecem transmitir menos informação sobre investimento sustentável aos investidores. Segundo o questionário, só 28% dos inquiridos diz recebê-la com frequência, uma percentagem também menor do que os 37% identificados nas Américas ou 38% na Ásia. A falta de informação parece ainda condicionar bastante as opções dos investidores pelo investimento sustentável, e  93% dos inquiridos assume que “necessita de mais dados para perceber os critérios que levam uma empresa a ser considerada “sustentável” e a confiar que o seja”. Em Portugal, são 37% dos inquiridos que considera que a confirmação por uma entidade independente constituiria esta fonte de informação e confiança.

Gestores de investimento com responsabilidades

E quem são os responsáveis a quem cabe mitigar este problema? Quando se fala em sustentabilidade um dos temas centrais são as alterações climáticas e para 69% dos inquiridos a nível global, a principal responsabilidade por as mitigar cabe a governos nacionais e a reguladores. Para os portugueses, estes são também os responsáveis mais “votados” (74%), seguidos de perto pelas empresas (70%). No fim da lista (7.º lugar), vêm os gestores de investimento, apontados por 46% dos inquiridos a nível global e por 49% em Portugal.

Apesar de quase metade dos portugueses atribuir à indústria de investimento a sua quota-parte de responsabilidade na resolução do problema, a visão do que isto significa em termos práticos não é unânime. Por exemplo, 36% considera que os gestores de investimentos deveriam retirar das suas carteiras as empresas de energia fóssil para limitar a respetiva capacidade de crescimento, enquanto 27% prefere que se mantenham investidos nestas indústrias para impulsionar a mudança.

Carla Bergareche, diretora-geral da Schroders para Portugal e Espanha, entende que “é muito positivo perceber que a maioria dos investidores já está consciente de que investir de forma sustentável não significa sacrificar rentabilidade. A conciliação dos dois objetivos é possível, desejável e há cada mais evidência de que as opções pela sustentabilidade podem gerar melhores resultados a longo prazo”.

Pode consultar mais sobre o Schroders Global Investor Study 2020 aqui