Zoom da semana: ‘ameaças’ no horizonte fazem crer que o futuro próximo será conturbado

Com a China a crescer abaixo do ritmo esperado, é a vez dos Estados Unidos lançarem algumas dúvidas no espírito dos investidores com o recente dado do emprego não agrícola a colocar em causa a subida de taxas já em outubro.

Nos últimos dois meses a criação de emprego nos Estados Unidos foi abaixo das projeções, com os salários a recuarem ligeiramente, ajudando assim a pressionar a inflação para baixo.

Com vários indicadores a revelarem um enfraquecimento da economia nos últimos meses, como o sector industrial que foi prejudicado pela subida do dólar e pela fraca procura global,  o sector energético, com a indústria ligada ao petróleo a reduzir fortemente os investimentos como consequência dos preços baixos e com a agricultura a sofrer devido à queda nos preços das matérias primas, é pouco provável que a Reserva Federal suba taxas em outubro, sendo que, apesar de ser possível uma subida em dezembro, não me parece que tal possa ocorrer.

A incerteza irá continuar a dominar e os próximos tempos serão conturbados.

Os indicadores económicos não mostram a solidez do passado, com demasiadas revisões em baixa, refletindo o facto de que as estimativas dos analistas são cada vez mais falíveis.

O aumento das tensões geopolíticas pode tornar o último trimestre do ano muito complicado, com a situação no Iémen e em particular na Síria, com a Rússia a intervir militarmente, a merecerem ser seguidas com muita atenção.

O Fundo Monetário Internacional reviu em baixa as suas previsões para o crescimento da economia global. O FMI está especialmente preocupado com o facto de empresas e bancos de algumas economias emergentes continuarem a sustentar o crescimento com mais dívida, aumentando assim a sua vulnerabilidade perante maiores descidas no preço das matérias primas e da própria atividade comercial.

Países como a Turquia, o Brasil e a Malásia alimentaram nos anos mais recentes as suas maiores empresas com dívida, muita da qual foi emitida em dólares, e quando o ciclo de taxas em baixa terminar, essas empresas irão ter dificuldades acrescidas se o crescimento se mantiver aos níveis atuais.

(Imagem: Maria Jesus V, Flickr, Creative Commons)