Urge avançar na união bancária!

Uma das reformas europeias que já deveria estar mais avançada é a união bancária.

A necessidade de regular as relações bancos / países e normalizar o funcionamento dos mercados financeiros, são dois factores essenciais para a recuperação da confiança na Zona Euro.

O que hoje temos são diferenças significativas nas condições de financiamento das empresas e das famílias entre os vários países da Zona Euro. A consequência negativa é a existência de condições de concorrência bastante diferenciadas.

Eliminar ou pelo menos minimizar essas diferenças e reestabelecer a confiança no sector bancário europeu são condições que urge conseguir. Interessa que um agente económico em geral e um investidor em particular possa avaliar o risco de um banco, independentemente do risco soberano do país onde esse banco está sediado.

Os três pilares base de uma verdadeira união bancária são o mecanismo único de supervisão (aprovado na última reunião do ECOFIN), o sistema único de garantia de depósitos e o mecanismo único de resolução.

Mas o “edifício” união bancária tem que ter alicerces sólidos para que não volte a acontecer uma crise financeira com efeitos tão devastadores como a actual.

É fundamental limitar os níveis de alavancagem dos bancos e definir fundos próprios robustos. É crucial evitar que no futuro volte a acontecer a situação de os bancos serem ajudados pelos Estados e a seguir comprarem dívida dos mesmos em grande quantidade.

Os bancos europeus têm que ser facilmente comparados em termos dos riscos assumidos, entre eles e entre eles e os bancos de outras regiões (EUA, Reino Unido, Japão, entre outros). Os analistas, os gestores de activos financeiros e os investidores em geral vão estar mais atentos às decisões de risco do management dos bancos.

Uma supervisão bancária mais eficaz vai traduzir-se numa minimização dos riscos dos agentes económicos: accionistas, obrigacionistas, depositantes e outros credores dos bancos. E dada a importância dos bancos no financiamneto das economias, menos riscos dos primeiros traduzem-se em menos riscos para as segundas.

Dada a importância dos bancos nas bolsas de valores, quer assumindo o papel de  intermediários financeiros, quer sendo empresas com acções cotadas, uma maior transparência em termos de riscos assumidos e um maior controlo da sua actividade só pode ter efeitos positivos nos mercados financeiros.

 

(Autor da imagem: Maitresinh, Flickr, Creative Commons)