“Uma divergência interessante” analisada pelos Economistas da UBS

UK
Leandro Stevens, Flickr, Creative Commons

“A maioria dos agregados familiares do Reino Unido devem ser perdoados por se questionarem constantemente sobre quando é que finalmente irão beneficiar dos cortes nas taxas de juro efetuados pelo BoE (Banco de Inglaterra)” – é com esta ideia que começa o último Economist Insights escrito pelos economistas da UBS Global Asset Management, Joshua MacCallum e Gianluca Moretti.

Os especialistas da entidade perguntam-se se com a taxa fixada pelo Banco de Inglaterra apenas nos 0,5% e a taxa de juro variável em cerca de 3%, não será este mais um exemplo de exploração por parte dos bancos. No entanto MacCallum e Moretti dizem “sempre ter esperado que a taxa de juro real das famílias fosse superior à taxa base fixada pelo BoE”, devido principalmente a três razões. Primeiro, dizem, “o credor deve ser compensado pelo risco de emprestar dinheiro”. A segunda razão apontada tem a ver com a existência de um prémio de risco, já que “a maioria dos empréstimos hipotecários têm uma longa duração, e isso provoca um maior crescimento dos riscos”. Por último os dois economistas sublinham a necessidade dos bancos terem lucros, ainda que “razoáveis”, para no futuro conseguirem efetuar mais empréstimos.

Não estarão os bancos a beneficiar em demasia?

Nos anos que antecederam a crise, os especialistas da UBS Asset Management relembram que a taxa de juro real aplicada aos agregados familiares ingleses caiu, “provavelmente devido ao aumento da proporção das hipotecas que eram vistas como menos arriscadas”. Depois do início da crise, no entanto, as margens que os bancos efectuavam nos empréstimos que faziam quase que duplicou. “Se o spread tivesse continuado a ser o mesmo, a taxa implícita para as famílias deveria ser cerca de 2,6% e não 3,9%”, dizem os economistas, que acrescentam que “é difícil não ficar com a impressão de que os bancos estão a ganhar margens demasiado grandes”, referem.

Contudo, há que ponderar a ideia de isto pode ser uma “maneira de reparar os balanços dos bancos ingleses, injetando dinheiro público nessas instituições”.