Ucrânia e Rússia: Quão preocupados devem estar os investidores?

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Os últimos acontecimentos na Europa de Leste, tiveram como consequência a decisão recente da Rússia de mandar tropas para a Crimeia, de forma a proteger os interesses que tem na região. No último Market Insights da J.P. Morgan Asset Management, Alex Dryden e Stephanie Flanders indicam que esta situação “torna a crise política da Ucrânia em algo ainda mais sério”.

Ainda assim, para os especialistas, os investidores podem dar-se ao luxo de ter uma visão de longo prazo, considerando “implicações económicas e financeiras”. Os acontecimentos na Ucrânia, dizem, fizeram com que os investidores se movessem claramente para o modo “risk-off”, sendo a situação no país claramente “uma fonte de contínua volatilidade, especialmente se a Ucrânia estiver a ir na direção de um confuso default da dívida soberana”. Diretamente para a economia e finanças ucranianas, os dois profissionais entendem que “as dificuldades devem ser bastante limitadas”. O envolvimento da Rússia é que traz atrelada a hipótese de contágio, “aumentando a possibilidade de que os preços da energia global sejam afetados direta ou indiretamente”.

Bolsa russa a cair

Tirando partido da instabilidade na Ucrânia, o Presidente Puttin não perdeu tempo, tentando assegurar uma região que é significativa: a Crimeia. No entanto, para a J.P. Morgan AM, esta invasão já está a ter “desvantagens económicas”, que irão piorar se o impasse prosseguir. Os preços da bolsa russa caíram a pique, particularmente ao nível dos títulos bancários. Em apenas três dias, 58 mil milhões de dólares saíram do principal índice bolsista. “Claro que os custos económicos para a Rússia de uma crise prolongada vão ser grandes, se a comunidade internacional se juntar para punir os atos de Putin na Crimeia”, concluem.

Resgate em andamento

Mais especificamente ao nível da Ucrânia, o documento da gestora começa por dizer que a situação financeira do país já era crítica, mesmo antes da recente estratégia russa. “Embora a diplomacia ocidental já tenha vindo oferecer o seu apoio verbal, o que a Ucrânia necessita realmente é de suporte financeiro. As negociações entre o governo interino e o FMI ao nível de acordo sobre um resgate estão em andamento”, referem da entidade.

Ainda que Alex Dryden e Stephanie Flanders não vejam como provável um cenário de default total ou parcial, acreditam que tal situação poderia “enviar mais ondas de choque através dos mercados emergentes”. Por isso, dizem que “seria de esperar que as consequências económicas diretas de acontecimentos como estes na Ucrânia fossem limitadas”. A entidade lembra que o país ainda tem pouco impacto nas ações globais, já que o mercado de ações ucraniano perfaz apenas 0,15% do MSCI Frontier Markets Index.

No documento, a J.P. Morgan AM não esquece a importância da Ucrânia ao nível global no fornecimento na área da agricultura. “Nas últimas semanas o preço do trigo e do milho a nível mundial aumentou consideravelmente”. A gestora lembra também que outros picos de preços não podem ser ignorados e, por isso, “o aumento dos preços de petróleo e do gás, talvez sejam um lembrete oportuno de que os investidores devem ter sempre alguma exposição a commodities nas suas carteiras”.