Terceiro trimestre: fundos nacionais investiram menos nas cotadas portuguesas

chapeus_portugal_
mesana62, Flickr, Creative Commons

O terceiro trimestre do ano marcou um período de volatilidade fora do comum nos mercados financeiros. Principalmente os meses de agosto e setembro foram sinónimo de conturbação nas bolsas mundiais, que, segundo muitos dos ‘entendidos’,  teve a sua génese principalmente na China. O mercado de ações nacional não foi exceção. Embora em julho o PSI 20 tenha terminado o mês com uma subida de 2,9%, os dois meses seguintes foram de completo “descalabro”. Em agosto o índice recuou 8%, ao passo que em setembro a queda ficou ligeiramente acima dos 4%.

Os fundos de investimento do mercado nacional naturalmente não ficaram imunes à pressão da volatilidade no trimestre. Por exemplo em agosto, a amostra de fundos com rentabilidade positiva foi mais “curta” do que o habitual, com o melhor retorno a não ir além dos 5,7%.

Compilando os dados que a CMVM publica mensalmente sobre os Organismos de Investimento Colectivo uma das conclusões que salta imediatamente à vista é que os fundos portugueses reduziram o investimento em ações nacionais no terceiro trimestre do ano, mais concretamente em menos 30,8 milhões de euros. Se em julho os OICVM investiam 242,2 milhões de euros na bolsa nacional,  em agosto esse montante reduzia-se para 218,8 milhões de euros, e em setembro encolhia mais ainda para os 211,4 milhões.

NOS SGPS e Sonae SGPS deram nas vistas

As cotadas que mais deram nas vistas no terceiro trimestre do ano foram duas empresas de sectores distintos: o grupo de comunicações NOS SGPS e a retalhista Sonae SGPS. Desta feita, o BCP – cotada que praticamente imperava até então – perdeu algum do protagonismo no que toca ao investimento feito pelos Organismos de Investimento Colectivo.

Em julho era precisamente a NOS SGPS a cotada a beneficiar do maior volume de investimento por parte dos fundos portugueses. O grupo de telecomunicações ganhava um avanço de 7,9% face a junho e arrecadava 22,6 milhões de euros  de investimento por parte dos OICVM nacionais. O segundo lugar pertencia à Sonae SGPS, que acumulava um montante de 22,5 milhões de euros.

Em agosto – como se pode verificar na tabela abaixo – o investimento em praticamente todas as cotadas derrapou. A Sonae SGPS foi, ainda assim, a “preferida” dos OICVM e subiu ao pódio de cotada que mais investimento recebeu, arrecadando 21,2 milhões de euros. Por seu turno, a NOS SGPS saltou para o segundo lugar das preferências. Em setembro o grupo retalhista manteve-se no comando – com um investimento de 20,7 milhões de euros por parte dos fundos, figurando o Banco BPI no segundo lugar das preferências.

  Julho
  Valor (10^6) % Var. Mensal
NOS SGPS 22,6 9,3% 7,9%
SONAE SGPS 22,5 9,3% -0,3%
GALP 20,5 8,5% 27,9%
BCP 18,2 7,5% -29,0%
BANCO BPI 16,4 6,8% -3,7%
JERÓNIMO MARTINS, SGPS 15,2 6,3% 33,8%
EDP RENOVÁVEIS 14,8 6,1% 4,6%
CTT CORREIOS DE PORTUGAL 13,2 5,5% -6,6%
ALTRI, SGPS 12,0 5,0% 10,7%
PORTUCEL 10,8 4,5% 26,8%
Sub-total 166,2 68,6% 3,1%
Outras 76 31,4% 1,1%
Total Ações Nacionais  242,2 100,0% 2,5%

 

  Agosto
  Valor (10^6) % Var. Mensal
SONAE SGPS 21,2 9,7% -5,4%
NOS SGPS 20,4 9,3% -9,8%
GALP 17,9 8,2% -12,9%
BCP 16,7 7,7% -8,0%
EDP RENOVÁVEIS 16,7 7,6% 13,3%
BANCO BPI 14,4 6,6% -12,5%
CTT CORREIOS DE PORTUGAL 11,4 5,2% -13,8%
JERÓNIMO MARTINS, SGPS 10,9 5,0% -28,5%
ALTRI, SGPS 10,5 4,8% -12,6%
PORTUCEL 9,3 4,2% -14,3%
Sub-total 149,4 68,3% -10,1%
Outras 69,4 31,7% -8,7%
Total Ações Nacionais  218,8 100,0% -9,7%

 

  Setembro 
  Valor (10^6) % Var. Mensal
SONAE SGPS 20,7 9,8% -2,8%
BANCO BPI 16,6 7,8% 15,5%
BCP 15,7 7,4% -6,2%
GALP 15,3 7,3% -14,1%
NOS SGPS 14,7 6,9% -28,0%
PORTUCEL 13,4 6,3% 43,8%
EDP RENOVÁVEIS  13,3 6,3% -20,3%
CTT CORREIOS DE PORTUGAL 11,4 5,4% 0,1%
ALTRI, SGPS 10,9 5,2% 3,6%
JERÓNIMO MARTINS, SGPS 10,9 5,1% 0,1%
Sub-total 142,8 67,6% -4,4%
Outras 68,6 32,4% -1,1%
Total Ações Nacionais  211,4 100,0% -3,4%
Fonte: CMVM