O que esperar do terceiro trimestre do ano

bola
patentboy, Flickr, Creative Commons

O BiG, no seu outlook para o terceiro trimestre do ano, começa por assinalar aqueles que são os pontos que têm ressoado na cabeça dos investidores, nos últimos tempos: os receios sobre o abrandamento na China, a queda nos preços das commodities, o abrandamento de investimento e trade, e ainda o declínio nos fluxos de capital para os mercados emergentes.

Posto isto, várias regiões e questões devem ser abordadas:

EUA – Brexit adia subida de taxas

Sobre a região, os profissionais do BiG acreditam que o PIB norte-americano, no próximo trimestre, deverá ter um crescimento homólogo de 1,7%. “O último valor divulgado revela que os gastos em consumo passaram a ser o principal driver”, dizem da instituição, de onde revelam também que o crescimento salarial no primeiro trimestre abrandou face ao trimestre anterior (2,3% vs 2,6%). A concretização da saída do Reino Unido da União Europeia, lembram os analistas da casa, fez com que as probabilidades de uma subida das taxas em 2016 declinassem fortemente: de 40% para os 8%.

Captura_de_ecra__2016-07-7__a_s_11

Europa - entrada do BCE no mercado de dívida soberana já é evidente

Sobre o velho continente, as perspetivas da entidade são de que embora “a recuperação europeia continue a demonstrar um desempenho tépido, com taxas de crescimento inferiores aos congéneres desenvolvidos”, “os indicadores de expansão industrial cristalizam uma recuperação mais sólida”.

Captura_de_ecra__2016-07-7__a_s_11

Segundo o mesmo documento elaborado pela equipa de research do BiG o efeito da entrada do BCE no mercado de dívida soberana da Zona Euro é evidente. Referem que se criou “alguma distorção no mercado, com o comprimir das yields para níveis inferiores a 0%”. O efeito, relatam também, é extrapolado para “o mercado de dívida corporativa, no qual as yields têm demonstrado “uma trajetória consecutivamente descendente”.

Captura_de_ecra__2016-07-7__a_s_12

Brexit – por onde vão as classes de ativos?

É o tema do momento. O impacto do resultado do referendo do passado dia 23 de junho nas várias classes de ativos é grande, e o BiG também reflete sobre ele. Ao nível da dívida, notam que “o risco político em torno de um potencial efeito dominó que afectaria as economias mais débeis motivou um alargamento dos spreads de dívida pública da periferia que, no caso de Itália e Espanha, atingiram máximos do ano”.  No campo das ações, depois da grande penalização verificada nos títulos financeiros, preveem que as taxas de juro negativas e o agravamento do prémio de risco possam gerar “restrições de funding e pressão adicional sobre os níveis de rendibilidade”.

ME – China e Brasil, os grandes pontos de interrogação

A situação no Brasil continua a ser motivo de preocupação para os investidores. Do BiG acreditam que provavelmente o factor mais importante que vai ajudar a economia brasileira “é a solidez do sector financeiro do país”, que contrasta fortemente com o exemplo europeu.

Captura_de_ecra__2016-07-7__a_s_12

No caso da China apontam baterias para o tema da dívida do país, que já soou os alarmes do FMI. “Realmente o endividamento da economia chinesa está a tomar proporções excessivas, semelhantes aos níveis em que outras economias resvalaram”, asseguram do BiG. Tranquilizante, dizem da entidade, continua a ser o grande “leque de ferramentas de política económica, monetária e fiscal que o governo ainda tem ao seu dispor”. Por isso, o seu cenário base é de que “um abrandamento vai acontecer, mas existem ferramentas suficientes para evitar um hard-landing”.

Captura_de_ecra__2016-07-7__a_s_12