Taxas voltam a descer no novo leilão de Obrigações do Tesouro

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muddy_lens, Flickr, Creative Commons

O mais recente leilão de Obrigações do Tesouro a cinco e a dez anos, realizado pelo IGCP, terminou com um montante total colocado de 1.250 milhões de euros. No que diz respeito às taxas verificadas para ambos os prazos, estas foram mais baixas do que os últimos leilões comparáveis.

Dito isto, no prazo mais curto, com maturidade em outubro de 2022, o montante emitido ascendeu a 500 milhões de euros a uma taxa de 0,916%. No que diz respeito à relação entre a procura e a oferta, a procura  mais do que duplicou a oferta (2,65 vezes). Já do lado do prazo mais longo, com maturidade em abril de 2027, o montante emitido fixou-se nos 750 milhões de euros a uma taxa de 2,327%, sendo que a procura foi quase o dobro da oferta (1,96 vezes).

Para Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa, a emissão de dívida a prazo mais longo abaixo do custo médio da dívida portuguesa “é uma excelente notícia para Portugal, que está a colher os frutos da subida do rating e da perspetiva positiva dada pela S&P”.

Destaca, ainda, que as taxas registadas “são as mais baixas desde o final de 2015”, sendo que este é um dos aspetos que “faz verdadeiramente a diferença nos custos da dívida e que permite reduzir esses encargos, criando uma folga maior”. Por fim, acredita que os investidores continuam a mostrar interesse na dívida portuguesa, sendo que o risco do país tem descido substancialmente, algo “que pode ajudar as empresas portuguesas que pretendam financiar-se no mercado de dívida”.

Do lado do Banco BiG, Steven Santos, gestor na entidade, começa por destacar que “um eventual impacto negativo da turbulência política em torno da Catalunha não se está a sentir na dívida pública portuguesa nem na restante periferia”. Acrescenta, ainda, que o bom momento registado por Portugal nos planos macroeconómico e internacional acabou por beneficiar a diminuição do custo de financiamento nesta emissão a longo prazo.

Neste sentido, acredita que “factores positivos da situação creditícia de Portugal, como a economia diversificada e a elevada credibilidade institucional, a par da aceleração das exportações e da melhoria da confiança do consumidor, incentivam os investidores a olhar com renovado interesse em Portugal”. O gestor partilha, ainda, da visão de Filipe Silva, afirmando que apesar de ser um dia movimentado no mercado primário de dívida, a operação portuguesa encontrou ampla procura, sendo que “os investidores demonstraram procura no duplo leilão, com os juros exigidos a baixar em linha com o desempenho da dívida pública no mercado secundário”.

No que diz respeito à realização do leilão e aos prazos de emissão, Steven Santos revela que este se deve “ao interesse do IGCP em criar mais liquidez nas Obrigações do Tesouro em anos em que Portugal tem menos capital a reembolsar e juros do que noutros anos”.