"Sim, é possível. Estamos num momento de mudança"

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Cedida

A Mercer levou a cabo na passada sexta-feira, dia 14 de fevereiro, o seu 4º simpósio de investimentos, este ano sob o mote “Ponto de viragem? O caminho da recuperação”. Com vários especialistas da consultora, foram discutidos temas que focaram principalmente a temática da recuperação, mas que também perspetivaram sobre o governance das empresas e ainda acerca da área de gestão de patrimónios.

Mais conforto, mas...

Estamos num ponto de viragem atualmente e neste momento estamos a fazer mais e melhor”, foi com esta frase enunciada por Diogo Alarcão, Country Head da Mercer em Portugal,  que se deu início às apresentações. De tal ideia, partilha também Rui Guerra, partner da Mercer, que configura um “sentimento diferente”, aquele que se vive atualmente. Se por um lado o especialista acredita que “a indústria está a melhorar”, não deixa de avisar que “independentemente da percepção diferente que se vive, continuam a existir riscos”.

Além do "sim, o sentimento é melhor" ou não, Rui Guerra avisa que "há ainda muito a fazer, embora existam indicadores concretos de uma tendência para a normalização dos mercados". Por isso, para o especialista, há que manter clara a ideia de que “a forma como os mercados e as economias funcionam são muitas vezes diferentes”. Para isto mesmo serve-se do exemplo de que é pouco provável que venhamos a ter o mesmo nível de spread no que diz respeito às yields alemãs que tínhamos há uns anos. No entanto e com os atuais níveis de inflação, salienta "a enorme preocupação com a questão social e do desemprego". Os mercados tendem a antecipar as boas e más notícias. Se neste momento, se sente um optimismo nos mercados, ainda vai levar tempo a que existe uma repercussão prática desse sentimento.

Evolução no mercado português

Na conferência foi notória a maior atratividade em conhecer o que se passa no mercado português neste momento. Mais de quatro dezena de gestoras internacionais marcaram presença e Rui Guerra assegura que essa tendência de emersão de Portugal é evidente tanto nos clientes institucionais como nos players locais que cada vez mais estabelecem parcerias e convidam entidades externas para complementar a sua oferta de produto. O partner da consultora que no ano passado completou 20 anos no nosso país, relembra que há duas décadas: “apenas se investia em ações e obrigações portuguesas, na sua maioria”.  Hoje, Rui Guerra fala numa abertura ao universo de investimento da Zona Euro, deixando grande parte do expertise noutras geografias e estratégias alternativas delegado a entidades especializadas.

Opções High Yield e diversificação

Os riscos que a consultora põe atualmente em cima da mesa aplicam-se tanto a um cenário otimista, como pessimista. Rui Guerra explica que num cenário mais favorável há “a tendência de subida das taxas que farão com que haja, para o investidor, perdas no investimento em obrigações”. Num cenário mais adverso, onde existe uma manutenção das yields, existe uma pressão sobre o mercado de ações, proporcionando menores retornos”. Nesse caso, qual a solução?

Na perspetiva da Mercer, uma carteira diversificada é chave para balancear riscos perante um cenário em que mais cedo ou mais tarde as taxas de juro aumentarão. Uma das opções de investimento que se impõe por esta altura é a procura de obrigações high yield a nível global. Também a dívida e as ações emergentes se mantém atrativas numa perspectiva de longo prazo. Ainda do lado da dívida, sublinha que a solução passará “mais na parte corporate do que nos governos”. Embora o excelente ano de 2013 em termos de rentabilidades do mercado accionista não se preveja repetido, "as ações são uma classe onde se deve estar investido", conclui.