Schroders: uma perspetiva sobre os mercados emergentes e o petróleo

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Cedida

As últimas semanas têm sido marcadas pela volatilidade, nomeadamente nos mercados emergentes e nos preços do petróleo. Estas duas temáticas serviram como ponto de partida para a conferência realizada pela Schroders na capital portuguesa, depois de terem sido dois assuntos muito comentados na última edição da Schroders Lisbon Annual Client Conference, realizada no início do passado mês de dezembro.

Este evento trouxe a Lisboa três especialistas da entidade que abordaram as duas temáticas descritas anteriormente. Por um lado Alan Ayres (na foto), Client Portfolio Manager focou a sua análise nos mercados emergentes, enquanto os Fund Managers John Coyle e Mark Lacey analisaram o “ouro negro”.

Para o primeiro orador, existem alguns riscos que poderão impedir os mercados emergentes de fazer bons resultados neste ano. Desde logo “uma política mais agressiva da FED que vem de um dólar mais forte”. O especialista afirmou, também, que “existe uma grande diferença entre o que a FED faz e aquilo que o mercado quer”.”O crescimento divergente e a política monetária criaram condições para que o dólar ficasse mais forte, o que criou problemas aos mercados emergentes”, sublinhou o profissional.

Além do mercado norte-americano, a sua análise também focou a China, onde destacou o “hard landing e/ou uma desvalorização significativa”. Neste particular, o Client Portfolio Manager destacou o facto do “crescimento de 3% ser consistente com a recessão” no país, onde os “sectores que não pertencem à temática dos serviços se encontram em grande pressão”. Destacou ainda o facto “do mercado imobiliário estar a ficar cada vez mais estabilizado”. O profissional destaca, também, a “importância cada vez maior dos serviços” no mercado chinês. No que toca à moeda, “esta parece estar um pouco sobrevalorizada com a depreciação até agora a ser modesta”, realçou.

Igualmente, o sentimento dos investidores e dos mercados não foram deixados de lado. Para Alan Ayres “tanto a queda dos preços das commodities como o facto dos mercados emergentes globais continuarem a desapontar, serão factores que farão com que sentimento nos mercados se deteriore”. Para esta deterioração, Alan Ayres destaca os “três anos consecutivos de outflows e um nível recorde de resgates nos mercados emergentes”. Assim, o orador enfatiza que a este nível existe uma grande preocupação para os próximos tempos.

Ainda assim, o profissional vê alguns motivos para se estar positivo nestes mercados. Desde logo os fundamentais económicos, já que “apesar da crise nos mercados emergentes, estes indicadores conseguem ser melhores do que os dos mercados desenvolvidos”. No que toca ao outro aspeto – a valorização - o especialista acredita que “as ações dos mercados emergentes podem superar as expetativas de rendibilidades até 2022”.

Olhos postos no “ouro negro”

Os restantes dois profissionais focaram a sua análise no petróleo e no fundo Schroder ISF Global Energy, do qual são ambos ‘fund managers’. Sobre a gestão do produto, os especialistas destacam o facto de “seguirem uma estratégia de investimento consistente”, onde “não utilizam stop-loses” nas suas posições. Além disso, destacam também que os “preços forward são assumidos nos primeiros três anos para todas as commodities”.

Em termos de composição do produto, destacam o facto de terem em carteira entre 35 e 45 empresas ligadas à exploração, produção ou transporte de energia, com o benchmark do fundo a ser o MSCI World Energy Sector Index. Em termos de tamanho das cotadas em carteira, grande parte do investimento é centrado em “empresas de capitalização média e muito centradas na exploração e na produção. Quando questionados sobre qual pode ser o grande catalisador do preço do petróleo, ambos foram perentórios ao afirmarem que o “mercado short-term pode ser essencial nesta perspetiva”. Olhando para o produto apresentado, da entidade reforçam a ideia de que o Schroder ISF Global Energy “é muito correlacionado com o preço do petróleo”.

O preço atual do petróleo também é um dos temas “quentes” no que toca ao “ouro negro”. Para os especialistas da Schroders, o “preço do petróleo a 32 dólares não é sustentável durante muito mais tempo”. Os preços baixos do petróleo advêm de dois fatores: “um claro excesso de oferta no mercado global impulsionado pelos países da OPEP e ainda o levantamento de sanções ao Irão que coloca no mercado 600 mil barris todos os dias com o objetivo de aumentar a sua quota de mercado”, referem.