Schroders: “Os investidores não devem perder de vista o significativo crescimento da procura doméstica no mundo emergente”

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Funds People

A abordagem da Schroders relativamente à globalidade dos mercados emergentes para o próximo ano assenta numa perspetiva que se pode apelidar de diferente do costume. “Em vez de avaliarmos como é que os mercados emergentes em termos globais se vão sair num ciclo de expansão global, encontramo-nos focados em perceber como é que estes mercados se podem sair num mundo de baixo crescimento”, refere Allan Conway, head of emerging market equities.

O especialista defende que “os mercados emergentes parecem estar a ser suportados pela forte procura doméstica e as potenciais reformas, que, em conjunto com fundamentais robustos e avaliações atrativas, compõem um importante caso de investimento”.

Mas não são apenas “facilidades”. Os desafios continuam a interpor-se no caminho dos emergentes por vários motivos. O mais forte, indicam, é o fortalecimento do dólar. Este factor conduz a gestora a traçar “perspetivas mais moderadas do que aquelas que seriam esperadas numa recuperação cíclica global”.

Baixo crescimento por mais tempo

“Os mercados emergentes espera-se que estejam entre os primeiros beneficiários de uma recuperação cíclica global, dada a sua natureza de um beta alto”, assinala Allan Conway.

Contudo, “enquanto as exportações nos mercados emergentes, em particular ao nível da manufactura e das indústrias tem estado a crescer, o efeito global tem sido mais suave do que seria expectável nesta altura do ciclo”.

Por outro lado, a procura pela importação de matérias primas tem sido fraca. “A desaceleração no ciclo das commodities tem acontecido, em parte, devido ao progresso dos EUA no caminho da auto-suficiência energética, mas também por causa da desaceleração das off-shores”.

Oportunidades: reformas  e procura doméstica

Ainda que o desapontante crescimento das exportações nos mercados emergentes  tenha provocado um generalizado sentimento negativo na região, a Schroders acredita que  “os investidores não devem perder de vista o significativo crescimento da procura doméstica no mundo emergente”.  

Outro impacto significativo, e igualmente positivo para os mercados emergentes, é o número crescente de países que estão implementar reformas, de forma a aumentar ou sustentar o seu crescimento. Mas Allan Conway avisa que estas reformas dependem da especificidade de cada país. “Por exemplo a China está a tentar que exista uma transição de uma economia baseada no crédito e no investimento, em direção a um crescimento do consumo doméstico; já no caso da Índia, existe uma grande necessidade de investimento e de infraestruturas”, resume.

Cautelosos mas otimistas para 2015

O especialista realça que estão construtivos para a região em 2015 mas, ainda assim, com uma postura mais “suave” do que aquilo que seria esperado numa fase mais “normal” de expansão do ciclo económico. Indica que, na generalidade, estão a sobreponderar posições em mercados que podem beneficiar das reformas executadas, bem como naqueles que se estão a posicionar melhor perante a recuperação da manufactura e ao nível das exportações industriais e dos baixos preços de energia.