Rússia, petróleo...semana "explosiva" ?

Numa semana em que as atenções estão viradas para a reunião da Reserva Federal destaque para a cotação do petróleo e para o seu impacto na cotação da divisa Russa.

A queda do petróleo para níveis perto de 60 Dólares por barril deveria ser um sinal positivo para a economia mundial mas tal não acontece, e o risco de mais descidas no preço aumenta o risco de deflação na Europa e o risco de graves problemas nos países produtores de petróleo. Os riscos que incidem sobre os países produtores são maiores que os possíveis benefícios sobre os países consumidores.

Com a descida do preço aumenta a probabilidade de assistirmos a uma concentração de empresas, com as mais pequenas e fracas a serem assimiladas pelas maiores, mas o impacto é enorme nos países dependentes da exportação como a Rússia, o Irão, a Venezuela, o Brasil entre outros. Com esta forte desvalorização também a maioria dos produtores de gás não convencional nos Estados Unidos não irá conseguir recuperar os seus fortes investimentos. À medida que esses produtores chegam à conclusão que os seus projectos não terão viabilidade será natural que o preço corrija em alta, dado que se estima que esses projectos futuros irão acrescentar mais 7.5 milhões de barris à atual produção que continua nos mesmos níveis mesmo depois de várias reuniões da OPEP. A OPEP parece seguir uma estratégia de tornar economicamente inviável a produção de petróleo por meios não convencionais.

Na Rússia, a aposta de Putin no desenvolvimento do país com suporte na exportação de energia parece estar a sair furada. Nesta segunda feira o Rublo desceu mais de 9% face ao Dólar tendo chegado a ser cotado a 76 (no arranque do ano era cotado a 32.85) e de seguida o Banco Central Russo aumentou as suas taxas em 6.5%, dos 10.5% para os 17% numa tentativa desesperada de travar a desvalorização da sua divisa e tentar controlar a inflação.

Sujeita a sanções e embargos pelo ocidente, e com o preço do petróleo a descer abaixo dos 60 Dólares por barril (segundo o próprio Banco da Rússia, com o petróleo a 80 o crescimento seria 0%, caso o preço continue a este nível a economia Russa pode perder perto de 5%).

Esta crise em que a Rússia mergulhou pode ter um impacto muito relevante na Europa, com a Alemanha a ser o país mais exposto com a relação comercial avaliada em cerca de 75 mil milhões de Euros. Problemas na Alemanha serão a "pedra de toque" para a crise Europeia. Os produtores de fruta, queijo e carne serão também penalizados com as sanções impostas a Moscovo, num negócio que no último ano foi de 15 mil milhões.

Esta subida de taxas não significa que o Banco da Rússia esteja a prevenir uma recessão, mas ajuda com certeza a evitar um colapso financeiro.

Destaque ainda para os primeiros passos que foram dados para a normalização das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba, colocando um ponto final em 56 anos de hostilidades políticas e económicas. Apesar de ainda não haver um calendário específico para a aplicação de medidas, ontem foram já libertados simbolicamente prisioneiros de parte a parte.

Na última reunião do ano de 2014 da Reserva Federal dos Estados Unidos, as taxas mantiveram-se nos 0.00% com Yellen a apontar meados de 2015 para a priemira subida. Apesar de cada vez mais membros do Conselho da Fed serem adeptos de uma modificação da linguagem utilizada nos últimos seis anos, Yellen manteve a ideia de que a taxa de juro subirá em função da evolução dos dados económicos. 

(Imagem: A guy with a camera, Flickr, Creative Commons)