Riscos a ter em conta pelos investidores

Apesar de trabalhar agora na área dos fundos imobiliários, continuo a ter interesse como investidor nos mercados financeiros, até porque a sua evolução é decisiva nos preços dos ativos imobiliários e dos ativos reais em geral. Após um segundo trimestre com volatilidade, existem fatores de risco a ter em conta nos próximos meses.

Com o índice S&P em redor dos 2100 pontos, com um PER de 18, com um USD forte e com as principais bolsas europeias a subirem dois dígitos year to date, o que se pode dizer é que os mercados já não estão tão atrativos.

Estamos numa nova earnings season e é necessário que os resultados e as vendas das empresas permitam dar confiança e suportar as cotações. Os primeiros resultados divulgados nos EUA foram positivos, mantendo-se a tradição dos últimos trimestres de os analistas baixarem as estimativas antes, para as empresas baterem-nas depois.

Nos EUA, a probabilidade de subida das taxas de juro nos próximos meses já foi mais elevada. A evolução dos indicadores económicos arrefeceu um pouco. Na Europa, apesar do acordo entre a Grécia e os credores, ambos têm dúvidas sobre o seu sucesso, o que é no mínimo patético (andamos a esbanjar dinheiro?). Os dados económicos europeus têm sido positivos na generalidade mas o crescimento ainda é relativamente fraco. Grandes economias emergentes como o Brasil e a Rússia estão em recessão devido em grande parte à evolução das commodities.

O acordo com o Irão é um fator positivo para o mundo e para o país, pois com o fim das sanções, poderá voltar a produzir e a exportar crude em condições normais, ou seja, mais pressão sobre o preço do petróleo. A questão da Ucrânia tem passado despercebida mas em qualquer altura pode voltar a ser um foco de preocupações.

O maior problema no entanto chama-se China. O nível de opacidade das informações do setor financeiro, a desaceleração de indicadores económicos e o momento do setor imobiliário são fatores que podem ter efeitos não desprezíveis na perceção de risco pelos investidores. A China é importante como grande consumidor mundial (matérias primas e produtos acabados), como produtor industrial e como investidor global. Tudo o que lá se passa de bom ou de mau, tem repercussões a nível mundial.

Perante este quadro de referência e após as subidas das bolsas nos últimos anos, o que fazer em termos de investimento quando as taxas de juro estão baixas? A diversificação e a seleção de ativos (já agora não se esqueçam dos ativos imobiliários) são as duas atitudes mais recomendáveis. Ter alguma liquidez é aconselhável, porque esta funciona sempre como ativo de refúgio e como ativo de oportunidade.

As bolsas europeias, passado mais um capítulo da crise grega, poderão continuar a registar uma melhor performance relativa nos próximos meses, diminuindo o gap para a bolsa americana.

Bem, o que interessa é que estamos no Verão. Por isso, desejo-vos umas ótimas férias com um rating DDD: Descanso, Diversão e Dinheiro (que também é necessário).

(Foto: Sandra S. Mars, Flickr, Creative Commons)