Risco apercebido face a dívida pública e a bancos mantém-se como fonte de incerteza

O relatório de estabilidade de financeira, divulgado ontem pelo Banco de Portugal (BdP), sublinha as dificuldade que os bancos enfrentam, devido nomeadamente da conjuntura económica nacional, e destaca a melhoria da posição de liquidez conseguida ao longo de 2012.

“A envolvente em que o sistema bancário português tem desenvolvido a sua actividade continuou a ser muito desfavorável. De facto, a crise da dívida soberana na área do euro e a interacção entre o risco apercebido pelos operadores de mercado relativamente à dívida pública e aos bancos da respectiva jurisdição persistem como importante fonte de incerteza e de vulnerabilidade para os bancos portugueses”, é referido no comunicado que acompanha o relatório.

O BdP afirma que a “recuperação incerta da actividade económica a nível global é uma condicionante da evolução futura da economia portuguesa”, a qual está a “atravessar um período de recessão prolongada, com forte impacto adverso sobre as condições de exploração dos bancos”.

A rendibilidade do sistema bancário deteriorou-se durante o primeiro semestre, com o aumento das provisões e imparidades para crédito e evolução da margem financeira, e “deverá manter-se sob pressão, num quadro de deterioração expectável da qualidade da carteira de crédito bancário, em conjugação com a persistência de níveis muito reduzidos de taxas de juro interbancárias”, refere o banco central. E salienta que é “fundamental que a estratégia de reestruturação das redes comerciais e, mais genericamente, da racionalização de custos dos bancos, prossiga no futuro próximo”.

Quanto ao financiamento, o BdP salienta no comunicado que, “no decurso de 2012, tem vindo a observar-se uma melhoria da posição de liquidez do sistema bancário português, na sequência das medidas anunciadas pelo BCE e pela União Europeia, no sentido de mitigar as tensões nos mercados financeiros advindas da crise da dívida soberana da área do euro”.

O regulador destacou ainda o facto de dois bancos terem realizado entretanto duas emissões de dívida nos mercados internacionais, mas considera que, “não obstante a evolução positiva observada recentemente na avaliação do risco do sistema bancário português por parte dos investidores internacionais, o acesso dos bancos aos mercados financeiros internacionais permanece condicionado”.

Importância da união bancária

Para o Banco de Portugal, as condições de financiamento dos bancos “continuam a estar fortemente influenciadas pela situação financeira dos respectivos Estados” e, como tal, “é crucial que sejam reforçados os compromissos assumidos ao nível da área do euro [...] tendo em vista a criação de uma União Bancária”.  Este projecto, sublinha o BdP no relatório, deverá, em termos prospectivos, “permitir reforçar a confiança dos investidores” na Zona Euro e “mitigar os efeitos da interacção entre o risco soberano e o sistema bancário, em particular se [...] for acompanhado por mecanismos de resolução e de garantia de depósitos comuns”.