Que tipo de gestoras estão mais dispostas a contratar mulheres?

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tingeltangelbob76, Flickr, Creative Commons

O estudo sobre as diferenças de género na indústria de gestão de ativos que a Monringstar desenvolveu entre 2008 e 2015 não fornece apenas dados demolidores sobre a baixa representatividade das mulheres. Também indaga sobre as qualidades que distinguem uma mulher de um homem na altura de gerir ativos e identifica que tipo de gestoras estão mais dispostas a contratar profissionais femininas.

O estudo corroborou um dado presente em várias investigações académicas, como a desenvolvida por Healy e Pate em 2011: as mulheres preferem trabalhar em equipa. Ambos os estudos sugeriam que a formação de equipas de trabalho poderá ser portanto uma ferramenta para reduzir o gap existente quanto ao género: “Visto que a indústria de fundos não mudou a ênfase sobre a rentabilidade em relação aos concorrentes, é razoável esperar que as mulheres possam trabalhar numa equipa que faça a gestão de fundos no longo prazo”, indicam os especialistas da Morningstar.

“Felizmente para as mulheres, os fundos geridos por equipas estão em voga”, acrescentam. Quando começou o estudo em janeiro de 2008, a percentagem de fundos geridos por equipas era de 39,7% do universo analisado; em dezembro de 2015, quando terminou o estudo, a percentagem tinha crescido até aos 45,1%. Quanto à taxa de oportunidade de que uma mulher seja eleita para fazer parte de uma equipa gestora, o certo é que o estudo da Morningstar detetou diferenças mínimas por género entre 2008 e 2013. Desde então, deu-se conta de uma divergência: as mulheres continuam a ter mais probabilidades de ser incluídas numa equipa de obrigações, mas menos probabilidades de ser eleitas para uma equipa multiativos. No campo das ações, o estudo detetou que as mulheres têm mais probabilidades de ser incluídas numa equipa gestora do que ser nomeadas gestoras únicas de um fundo, numa proporção de 19% mais para o primeiro caso do que para o segundo.

Onde se encontram as maiores oportunidades laborais?

Outra das conclusões do estudo de género da Morningstar é que as grandes entidades de gestão de ativos estão mais inclinadas para contratar gestoras: “Dos fundos das gestoras do top 10 por património e ativos de ações globais, a probabilidade de uma mulher ser nomeada gestora de ações é de 83%, em relação a exercer o mesmo papel numa entidade mais pequena”. No entanto, da consultora consideram que este dado “tem sentido, intuitivamente”, tendo em conta que “quanto maior for a entidade, maior número de fundos terá, mais pessoas estarão a gerir os fundos e maiores são as oportunidades para que uma mulher seja nomeada para uma equipa de gestão”.

A Morningstar, no seu estudo de diversidade de género, também comparou as gestoras com maior património em ações, com a média mundial. Também são interessantes as conclusões a este nível: “Nas entidade com um foco em ações, em termos globais, 7,7% dos gestores de fundos são mulheres”, afirmam.  Durante o decorrer do estudo, os autores detetaram que existiram cinco gestoras que se mantiveram no top 10 por património – Capital Group, Fidelity International, Franklin Templeton Investments, T. Rowe Price e Vanguard – em que também a percentagem de mulheres contratadas excedia a média, "muito embora estas entidades ainda estejam longe da igualdade de género”.

Segundo dados de dezembro de 2015, a taxa de participação feminina nestas empresas oscilava entre 9,5% e 13,8%. “As entidades maiores proporcionam mais oportunidades às mulheres na indústria, não só pela porção de gestores que são mulheres, mas também pelo próprio volume de posições. Só estas cinco entidades retêm 12,4% de todas as posições de ações geridas por mulheres”, acrescentam os autores do estudo.

No entanto, a Morningstar identificou que a gestora que mais tem trabalhado a favor da igualdade de género é a Aberdeen: segundo dados de dezembro de 2015, a entidade dispunha de 31,2% de mulheres no seu leque de gestoras de ações. Por património total, a Aberdeen ocupa o posto 151 de um total de 3.167 empresas. Os seus ativos de ações encontram-se, no entanto, no top 5 de todas as empresas de ações analisadas.