Que tipo de fundos preferem os compradores profissionais de fundos?

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voldkae, Flickr, Creative Commons

É indiscutível que o peso das recomendações dos profissionais da indústria financeira é cada vez maior quando um investidor toma a decisão de onde investir o seu capital. O que a Natixis Global se questionou foi que classe de fundos estão a eleger os compradores profissionais de fundos – incluindo gestoras de carteiras discricionárias e de fundos de fundos – de todo o mundo, para determinar se existe alguma tendência clara. Avançamos que sim, há, e são especialmente relevantes no atual ambiente de mercado. O estudo foi realizado pela consultora CoreData entre outubro e novembro de 2016 e recolheu as perspetivas e opiniões de 200 compradores de fundos profissionais em 28 países da Europa, América, Médio Oriente e Ásia.

Em primeiro lugar, para poder determinar para que classe de fundos se estão a inclinar estes profissionais, o inquérito perguntava quais eram os pontos problemáticos para a gestão do risco. 77% dos inquiridos referiram o ambiente de taxas baixas, e 67% apontaram os acontecimentos geopolíticos, enquanto 49% aludiram às taxas de juro e 36% às dificuldades da bolsa chinesa.

Aposta pela gestão ativa

A grande descoberta deste estudo está em perceber que estes compradores profissionais acreditam que os maiores níveis de volatilidade nos mercados provocam provavelmente uma maior dispersão no retorno das ações.

Desta forma, 95% dos inquiridos indicaram que para enfrentar este contexto de mercado optariam por eleger estratégias de gestão ativa para gerar alfa. Além disso, 79% disseram que era a sua opção preferida para implementar estratégias ESG na sua carteira; 77% elegeram-na como a forma mais efetiva de obter exposição a mercados emergentes; 74% assinalaram-na como a melhor forma de obter exposição a classes de ativos descorrelacionadas e, por fim, 66% preferiam a gestão ativa como ferramenta para gerar uma fonte estável de rendimento.

Por outro lado, a única área em que a gestão passiva recebeu uma opinião mais positiva por parte dos compradores profissionais foi no que aos custos diz respeito, ao oferecer a possibilidade de investir com comissões mais ajustadas. Segundo o estudo, dada a previsão de aumento da volatilidade e, potencialmente, da dispersão, os compradores grossistas planeiam aumentar a alocação a estratégias passivas em pelo menos 2% nos próximos três anos.

Além disso, oito em cada dez inquiridos afirmaram que os investidores têm “uma falsa sensação de segurança a respeito dos investimentos passivos”, e outros 80% acham que “os indivíduos não são conscientes dos riscos associados ao investimento passivo”. Adicionalmente, 91% dos compradores profissionais disseram que estas perceções podiam atribuir-se ao facto dos “investidores estarem demasiado concentrados em obter resultados a curto prazo”.

“Sem deixar de prestar atenção às reviravoltas políticas e macroeconómicas na Europa e na Ásia, os compradores de fundos profissionais focam a volatilidade como uma oportunidade, e isso leva-os a recorrer à gestão ativa a fim de gerar alfa e gerir o risco”, comenta sobre este resultado Matthew Shafer, vice-presidente executivo de Distribuição Internacional da Natixis Global AM.

Mais apetite pelos alternativos

A outra grande conclusão do estudo é que, com os múltiplos focos de volatilidade que podem aparecer nos próximos meses, os compradores estão a desenhar estratégias para diversificar as fontes de risco das suas carteiras. Para o conseguir, as táticas mais usadas têm sido a diversificação por setores (87% dos inquiridos), a criação de um orçamento de risco (82%) e a cobertura de divisas (72%). Em menor medida, os compradores têm citado o uso de investimentos alternativos (66%), estratégias de smart beta (63%) e estratégias ESG (43%) como outras medidas efetivas para a gestão do risco. Em contrapartida, só 28% admitiram que planeiam aumentar o uso de obrigações com esta finalidade.

Fontes da Natixis Global AM acrescentam que “esta ideia está em concordância com o último relatório Fund Buyer Focus da MackayWIlliams, que mostrou um grande interesse entre os compradores de fundos profissionais pelas estratégias alternativas e temáticas”. Sobre esta tendência, Shafer faz outra observação siginificativa: “Estamos a assistir a uma mudança profunda, do modelo tradicional de gestão passiva e long only, para uma nova combinação formada por um núcleo de investimentos ativos e de baixa volatilidade, nos quais se incorporam ativos líquidos e ilíquidos”.

Em termos de alocação de ativos, os autores do estudo constataram que quatro em cada dez compradores estão a diversificar as suas alocações por regiões; 47% dos sondados apontaram para as ações emergentes como o ativo possivelmente mais rentável de 2017.

Ao mesmo tempo, 36% optaram por reduzir a sua alocação a fixed income, enquanto 34% subiram o seu investimento em alternativos. Entre os que apostam em obrigações, a opção mais popular (47%) é a que se inclina para uma aposta em crédito e títulos high yield, enquanto 57% afirmaram que a dívida soberana vai ser o ativo mais dececionante do universo das obrigações. “Isto é um exemplo claro de como a busca de rentabilidade vai impactar provavelmente os orçamentos de risco, à medida que os compradores profissionais vão descendo no perfil de risco para gerar rentabilidade com as suas alocações de obrigações”, afirmam os autores do estudo.