Que tipo de fundos de obrigações são mais adequados para navegar com êxito em 2016?

sailing_challenge
Michael Matti, Flickr, Creative Commons

Os fundos flexíveis de obrigações globais são as estratégias que as gestoras acreditam que têm sentido para enfrentar 2016. É o que revela a o questionário realizado todos os anos pela Funds People aos responsáveis máximos das entidades estrangeiras com representação no mercado ibérico, de forma a perceber qual é a principal recomendação das casas para o próximo ano. Nesta ocasião, os resultados da sondagem mostram que muitos assinalam um produto de obrigações globais como a primeira opção para investir em 2016. Dentro dos que assinalam esta categoria, existem nuances quanto ao tipo de produto que recomendam. Alguns optam por produtos que permitam realizar uma alocação flexível nos distintos segmentos de mercado de obrigações (incluindo divisas), enquanto que outros optam por produtos de retorno total ou estratégias de retorno absoluto de forma a encarar 2016.

Nuria Trio, diretora geral adjunta da Amundi  para Ibéria, mostra-se convencida de que o contexto atual tem de ser global e flexível nas obrigações para se poder aproveitar as oportunidades que surgem a cada momento, lugar e ativos de todo o mundo. A sua recomendação para 2016 é o Amundi Funds Bond Global Aggregate, produto que – segundo explica – adapta-se a esta natureza dinâmica do mercado global de obrigações, procurando as melhores oportunidades em dívida pública global, crédito de empresas e divisas. “O fundo realiza uma gestão ativa da duração modificada, num intervalo de 0 a 8 anos. Graças à sua experiência, capacidade de análise e controlo dos riscos, pode aproveitar oportunidades de valor criadas pelas políticas monetárias divergentes entre diferentes regiões, nas curvas de rendimento, e diversificar em crédito quando os seus fundamentais são sólidos , bem como em dívida emergente de forma selectiva, e em divisas, cuja gestão ativa pode contribuir de forma significativa para a rentabilidade, sempre que a liquidez da carteira não seja comprometida. Uma combinação de visões macro a longo prazo e gestão tática a curto prazo, para um produto de ciclo completo”.

Aitor Jauregui, considera que a melhor opção nas obrigações para o próximo ano é um produto flexível. O responsável de desenvolvimento de negócio da BlackRock para Portugal, Espanha e Andorra aponta concretamente o BGF Fixed Income Strategies Fund, produto de obrigações flexíveis com um bias europeu. Segundo explica, o fundo procura gerar uma rentabilidade anual líquida entre 2% e 3% com um nível de volatilidade contido. “Para gerar esta rentabilidade, o fundo é gerido de forma muito flexível, podendo ter exposição negativa a duração e primando por estratégias de valor relativo sobre um amplo universo de ativos de dívida. O fundo é gerido por Michael Krautzberger e pela sua equipa, muito reconhecida pelo BGF Euro Short Duration Bond Fund”.

No Deutsche AWM acreditam que os mercados de obrigações em 2016 caraterizar-se-ão pela sua volatilidade. O foco estará centrado na política dos bancos centrais. Mas – segundo Luis Ojeda – há factores de fundo de maior profundidade, como é o caso do crescimento económico nas diferentes regiões, a evolução das divisas, quedas nos preços das matérias primas, ou a instabilidade  política em determinadas regiões, indica o responsável do Deutsche AWM para Portugal e Espanha. Neste contexto, Ojeda acredita que o sector de crédito aumenta a sua atratividade por ser um ativo menos exposto a mudanças nas políticas monetárias, sobretudo, mas também há que ser seletivo. Entre os distintos fundos disponíveis, destaca o Deutsche Invest I Short Duration Credit, um fundo que investe principalmente em obrigações corporativas de curta duração a nível global. O gestor move-se num intervalo de duração das taxas de 1 a 3 anos. A qualidade de crédito média da carteira será de investment grade alto com um posicionamento máximo em high yield de 30%.

A grande aposta em obrigações de Sebastián Velasco para o próximo ano é uma estratégia de obrigações emergentes, concretamente o FF Emerging Markets Debt Fund. O diretor da Fidelity  para o mercado ibérico explica que o fundo investe principalmente em dívida soberana de mercados emergentes denominada em dólares, embora tenha flexibilidade para o fazer também em dívida corporativa dos ditos mercados denominada na divisa local a fim de acrescentar rentabilidade. “O gestor pensa que 2016 continuará a ser um ano pleno de desafios devido ao baixo crescimentos de muitos desses país e o receio de muitos investidores relativamente à possível subida dos níveis de dívida. Apesar disso, a dívida emergente continua a oferecer yields atractivos num mundo de baixas taxas de juro, assim como benefícios de diversificação dos tradicionais investimentos em obrigações”. 

Ramón Pereira coloca o Templeton Global Bond como a sua grande aposta em obrigações para o próximo ano. O fundo procura uma revalorização do capital a nível mundial beneficiando das ineficiências das taxas de juro e divisas globais. A carteira inclui exposição a obrigações soberanas e pode investir em títulos ou produtos estruturados que se encontrem vinculados a ativos ou divisas de qualquer país. “Investimento em países que beneficiam de uma divisa forte e têm um sólido crescimento económico. Centramo-nos num investimento de longo prazo e estamos muito conscientes do nosso posicionamento apesar das flutuações do mercado. O fundo tem, por vezes, posições contrarian a curto prazo, com o fim de se posicionar para uma valorização no longo prazo. A equipa gestora baseia-se numa análise macroeconómica fundamental”, detalha o responsável da Franklin Templeton para Espanha e Portugal. 

A eleição de Javier Dorado, responsável da J.P. Morgan AM para Ibéria, nas obrigações para o próximo ano é o JPM Global Bond Opportunities Fund. “Num cenário complicado para as obrigações, no qual é provável que pela primeira vez assistamos a divergências nas políticas monetárias dos diferentes bancos centrais, acreditamos que o JPM Global Bond Opportunities é um fundo muito bem posicionado e dotado da flexibilidade necessária para capitalizar as melhores ideias globais dentro do universo das obrigações. Este produto celebra três anos no próximo mês de fevereiro e apresenta um comportamento histórico atractivo com um nível de risco moderado. É gerido por uma das maiores equipas de obrigações, que conta com uma grande quantidade de recursos a nível global para poder desenvolver e implementar as suas ideias de investimento”, sublinha Dorado.  

A eleição para 2016 de Laura Donzella, responsável da Nordea para Ibéria e América Latina, é o Nordea 1 – Flexible Fixed Income Fund. Segundo explica, o enquadramento de baixas rentabilidades e elevadas valorizações em boa parte do universo de obrigações apresenta-se como um desafio para as tradicionais carteiras de obrigações. “O Nordea 1- Flexible Fixed Income Fund oferece aos investidores uma ferramenta verdadeiramente global, flexível e sem ‘amarras’, que combina os investimentos em crédito, duração, divisas, de forma a que umas posições compensem outras em contextos voláteis, obtendo uma rentabilidade ajustado ao risco muito atractiva”.

“As obrigações de países desenvueltos, cujos níveis de endividamento são muito altos, pagam muito pouco e esperamos subidas das taxas de juro por parte da Fed. Por isso, 2016 vai ser um ano muito volátil para as obrigações e devem procurar-se estratégias dinâmicas para a parte conservadora da carteira”, afirma Gonzalo Rengifo. Para investidores que procurem conservar o património, ainda que com rentabilidade limitada. A alternativa que propõe o diretor geral da Pictet AM é uma estratégia de retorno absoluto em obrigações flexível e diversificada. Por conseguinte, indica como primeira opção o Pictet Absolute Return Fixed Income. “Perante igual contribuição das taxas de juro, spreads de crédito e divisas, o fundo investe numa ampla gama de mercados e ativos, sem depender de previsões nem índices”. 

Como grande aposta nas obrigações para 2016, Isabel de Liniers, responsável de vendas para Portugal da Pioneer Investments e Teresa Molins, diretora de Vendas de Clientes Institucionais, elegem o Pioneer Funds – Emerging Markets Bond. Trata-se de um fundo ‘aggregate’ e flexível em obrigações emergentes em hard currency. Segundo explicam, pode investir tanto em emissões soberanas como em crédito, com total flexibilidade, procuram as melhores emissões de países com vantagens competitivas. Está gerido por Yerlan (diretor de obrigações emergentes e high yield da entidade) que está diretamente ligado ao produto desde o seu lançamento no ano 2000. Tanto ele como a sua equipa são bond pickers. Não segue nenhum benchmark. Preferem procurar valor em todo o universo de obrigações, excluindo crédito. Começam o processo com uma abordagem top down (análise macro, solvência do país, situação política, liquidez e economia, factores técnicos…) para posteriormente gerarem ideias (eventos, acesso a empresas, quant, rentabilidade/risco, valor relativo…).

“As correções no mercado de obrigações após os eventos deste verão voltaram a colocar as valorizações das obrigações nos níveis de 2013. As subidas das taxas de juro nos EUA, e o facto da dívida corporativa europeia estar numa fase do ciclo mais ‘precoce’, faz-nos estar positivos nesta classe de ativos”, diz Carla Bergareche. Portanto, no contexto atual a directora geral da Schroders para Ibéria considera que uma estratégia de obrigações flexível e de curta duração como a do Schroder ISF Strategic Credit parece adequada. Gerido por Peter Harvey, o fundo dá acesso a todo o universo de dívida corporativa europeia, realizando uma alocação flexível entre obrigações investment grande e high yield, segundo a visão de mercado do gestor. “A seleção de obrigações é chave para o êxito da estratégia e actualmente o rating médio da carteira é BB. O fundo também oferece protecção perante subidas das taxas de juro: mantém uma duração abaixo dos quatro anos porque procura ter um baixo risco taxa de juro”. Lançado em dezembro de 2007, regista desde então uma rentabilidade anualizada de 5,64%. 

A eleição de  Juan Infante, da UBS AM, é o UBS (Lux) Bond Fund Euro High Yield. Gerido por Craig Ellinger e Zachary Swabe, o fundo investe principalmente em obrigações corporativas de elevada rentabilidade denominadas em euros de emitentes que devem cumprir rigorosos critérios de seleção. O gestor do fundo combina emitentes de vários países e títulos com diferentes maturidades, de forma cuidadosa, seleccionados com o objetivo de aproveitar oportunidades interessantes de valorização, mantendo o nível de risco controlado. “Num cenário de baixas taxas de njuro, a dívida high yield pode ser uma alternativa interessante para os investidores na busca de retornos. Outros benefícios desta classe de ativos é que ajudam à diversificação da carteira, oferecem um atractivo rácio rentabilidade/risco quando comparado com as ações e uma baixa sensibilidade às alterações nas taxas juro”.